Capa – PC conectado (mesmo), em Birigüi.


Na cidade de Birigüi, no estado de São Paulo, o Media Lab, do MIT, vai
participar de outra experiência que envolve inclusão digital na
educação. Em fevereiro, deve ser implantada ali uma rede Mesh, com
tecnologia de comunicação sem fio (WiFi e WiMax), para dar acesso à
internet a toda a cidade (cerca de 106 mil habitantes), a custo mais
baixo.A gestão ficará a cargo de uma organização não-governamental
formada por representantes da prefeitura, dos sindicatos de empresas e
de trabalhadores, e de associações de classe. Essa OnG, em fase de
formalização, assume o investimento, na intra-estrutura e na operação.
E será a base para a construção do Projeto Rede de Aprendizagem
Birigüi, com apoio do pesquisador David Cavallo, do MIT.

A prioridade é a conexão para as escolas, que contarão com a parceria
do MIT para trabalhar com ambientes colaborativos de aprendizagem e a
inclusão digital, em casa, dos alunos. Como ainda não há o dispositivo
OLPC (o laptop de US$ 100), serão incentivadas compras de modelos do
Computador para Todos, em prestações ainda mais baixas do que as
oferecidas no programa do governo federal. Segundo o gerente de
relações governamentais e projetos especiais da AMD, Valter Cegal, a
empresa está oferecendo um desconto especial nos microprocessadores
para os fabricantes de PC que estudam participar no projeto.

O alvo principal são os trabalhadores da indústria calçadistas e seus
filhos. Porque as escolas municipais (5,2 mil) já contam com
laboratórios de informática. A rede de colaboração online, que envolve
representantes de vários segmentos da cidade, existe há dois anos e
oito meses. Nasceu a partir de uma iniciativa da Radium Systems, de
articular em rede o arranjo produtivo local – Birigüi reúne 160
indústrias calçadistas – e evoluiu para um amplo ambiente de geração de
inovações, serviços e soluções aplicadas ao desenvolvimento da região.

Segundo Rodrigo Mesquita, diretor da Radium e pesquisador associado do
Media Lab, o modelo de rede colaborativa está sendo estendido, com
apoio do governo do Estado de São Paulo e das respectivas prefeituras,
também às cidades de Jaú, Marília, São Caetano, São Carlos,
Votuporanga, Mirasol e Jundiaí. Em São José dos Campos e Santa
Gertrudes, o programa está acertado, mas os contratos ainda não foram
assinados.

A coordenação da rede de colaboração fica a cargo de um comitê gestor,
formado por representantes da prefeitura, dos sindicatos (de empresas e
trabalhadores), associações de classe e entidades da sociedade civil. A
Radium faz o projeto ou o desenho do ambiente colaborativo; em parceria
com universidades locais, cria-se um núcleo de desenvolvedores de
software na região, que vai pilotar e dar suporte à tecnologia – em
plataformas livres e abertas –; e um núcleo de mediadores,
profissionais de logística, marketing e vendas. Há também um núcleo de
colaboradores internos (empresas locais que percebem oportunidades e
formas de colaborar) e externos (universidades e fornecedores de
produtos e serviços) e de usuários.

O ingresso no ambiente colaborativo é gratuito. Mas, só em Birigüi, os
160 calçadistas faturam juntos R$ 1,6 bilhão, e movimentam uma economia
da ordem de R$ 5 bilhões. Além da empresa, o Comitê Gestor e os
mediadores também se comissionam, explica Rodrigo. “O compromisso é com
a inovação tecnológica; não é um clube de desconto. É um ambiente de
serviços, criado por uma inovação; e é o ambiente, não a tecnologia,
que muda as pessoas”, diz ele. Ou seja, o propósito é que a rede some
forças e vários atores sociais para criar soluções voltadas ao
desenvolvimento local em sentido amplo – não apenas focadas no aumento
do faturamento do arranjo produtivo.


www.sinbi.org.br
• Sindicato das Indústrias do Calçado e Vestuário em Birigui

www.radiumsystems.com.br