Prêmio ARede 2008 – Categoria Empresa Privada – Além do computador

Oficinas Digitais criam oportunidade para que escolas façam uma apropriação pedagógica das tecnologias

Oficinas Digitais criam oportunidade para que escolas façam uma apropriação pedagógica das tecnologias

ARede nº42 novembro de 2008 – A Brasil Telecom (BrT) vai investir, até 2010, R$ 150 milhões no projeto Educação Digital, vencedor do Prêmio ARede 2008 na categoria Empresa Privada. A operadora, a exemplo de um número cada vez maior de empresas, decidiu dar sua contribuição para a melhoria da qualidade das escolas públicas brasileiras. Sua proposta é beneficiar a formação de professores e alunos das escolas, principalmente de ensino fundamental, por meio do acesso às tecnologias de informação e comunicação. A idéia se concretiza com a implantação, nas escolas, de Oficinas Digitais (ODs).

Essas oficinas são compostas por 22 computadores integrados ao computador do professor, impressora, webcams, câmera digital, conexão à internet em banda larga (2 Mbps) e interligação com o Cyber Data Center da operadora, onde se concentram todas as funções críticas de processamento e os conteúdos produzidos nas escolas. Com 50 ODs implantadas e outras 17 em  implantação, o projeto tem como meta, para 2010, atender 500 escolas nos dez estados da área de atuação da empresa (Centro-Oeste, Sul, Distrito Federal e os estados do Acre, Rondônia e Tocantins, na região Norte). Nessa região, há 33 mil escolas de ensino fundamental, com 8,7 milhões de alunos e 406 mil professores.

Além da infra-estrutura necessária, a empresa arca com todos os custos da oficina, por 18 meses. Esse é o tempo necessário, de acordo com a avaliação da BrT, para que o projeto prossiga de forma independente. O pacote se complementa com uma estrutura de apoio técnico e pedagógico para capacitar professores, planejar o uso da OD pela escola e auxiliar a produção e a disseminação de conteúdos.
O diferencial da iniciativa é não se caracterizar como uma simples doação de equipamentos. “Há uma equipe pedagógica por trás, um trabalho de definição de diretrizes apropriadas a cada escola, junto com os diretores e os professores, além de avaliação dos resultados”, explica Antonio Carlos Costa Campos, gerente geral do projeto.

A BrT pretende, ainda, fazer do Educação Digital um laboratório de pesquisas para validar modelos de utilização das oficinas e de suas propostas educacionais, de modo que possam ser referências para outras iniciativas. A estratégia de implantação das ODs implica parcerias com os governos dos estados onde a BrT atua. Por isso, o primeiro passo é formalizar o apoio das secretarias estaduais de Educação. São os secretários que definem quais escolas vão participar. Os diretores de cada unidade montam a equipe responsável pelo projeto. Professores e coordenadores pedagógicos participam de uma formação de sete dias, em curso presencial e centenas de horas de formação à distância, sob responsabilidade da Fundação Bradesco e das empresas Intel; iG (que publica conteúdos na área de educação); e MStech, distribuidora e revendedora Intel, Microsoft, 3Com, SAP e BXP (plataforma da Venturcom) no Brasil. No processo de formação, os professores são estimulados a planejar aulas, alimentar o portal da escola hospedado no iG, e conhecer as ferramentas de suporte ao trabalho educacional.

A solução tecnológica que suporta o projeto é a mesma utilizada por grandes empresas, clientes da operadora: o Cyber Data Center, onde fica armazenado o conteúdo produzido por professores e alunos. O centro de dados promove a atualização simultânea de todos os aplicativos, fornece uma conta individualizada com endereço de e-mail a cada aluno e professor e provê filtros de conteúdo unificados, de acordo com a orientação das secretarias de Educação. O custo de implantação de cada oficina é de cerca de R$ 300 mil, já incluídos os recursos despendidos durante os 18 meses em que a BrT vai dar apoio completo a cada unidade.

O projeto foi elaborado de maneira a driblar os problemas geralmente encontrados em várias iniciativas envolvendo uso de tecnologias da informação em escolas: computadores sem manutenção, softwares desatualizados, máquinas paradas a cada infecção por vírus, multiplicadores sem formação adequada, falta de acompanhamento pedagógico. O tempo de apoio financeiro é justamente para que as oficinas sejam efetivamente incorporadas pelas escolas, explica Campos. A BrT espera que, terminado o tempo de apoio, as escolas tenham adquirido capacidade de gerenciar as oficinas.

Portais em construção

Hoje, cada estado tem cinco oficinas em operação. As escolas ainda estão construindo seus portais e há pouca informação em cada um deles. No da Escola Municipal Professora Karin Barkemeyer, em Joinville (SC), a Oficina Digital foi inaugurada em junho. Por enquanto, há um link para o blog da escola, onde está o registro da capacitação dos professores, iniciada em agosto, e da sua animação com a iniciativa. Já está na internet o projeto do Centro de Ensino Médio Tiradentes, em Palmas (TO), de uso da tecnologia na aprendizagem. As diretoras Raimunda Fortaleza de Sousa e Luzineide Brito de Castro e a coordenadora da Oficina Digital, Idalina Soares dos Santos Rodrigues, elaboraram uma proposta para propiciar aos alunos a oportunidade de vivenciar situações e resolver exercícios de todas as disciplinas, em salas virtuais. Assim, a escola vai elaborar e postar no portal roteiros de atividades.

As concessionárias de telecomunicações se comprometeram, no Plano de Metas de Universalização, a conectar em banda larga todas as escolas públicas das sedes de municípios de sua área de atuação, até 2010. Também deverão manter essas conexões gratuitas pelo tempo dos atuais contratos de concessão, ou seja, até o ano de 2025. A capacitação de professores para usar a tecnologia como ferramenta educacional é fundamental para que essas conexões resultem em melhorias efetivas para o ensino.