A Abecal usa a Estação Digital apoiada pela FBB para manter outros projetos de profissionalização. E quer um CRC.
A Abecal, organização não-governamental de São Paulo, enviou ao
Ministério do Planejamento proposta para gerir um Centro de
Recondicionamento de Computadores (CRC) na capital. A entidade se
dedica à capacitação profissional de jovens de baixa renda e
desempregados. Atende, na sede atual, 500 pessoas por semana, em 30
cursos diferentes e gratuitos. Duas salas estão equipadas com
computadores e acesso à internet — é uma Estação Digital apoiada pela
Fundação Banco do Brasil.
A ONG ocupa seis salas, no Jabaquara, zona sul de São Paulo. De acordo
com seu presidente, Roberto Souza de Oliveira, negociações estão
encaminhadas com a prefeitura de São Paulo para transferir o projeto
para um galpão de 1,5 mil metros quadrados, também na zona sul. “Vamos
mudar de qualquer jeito, para que esses 30 cursos possam acontecer de
forma simultânea”.
Na Estação Digital, o projeto tem apoio da Treinasoft, empresa que
dispõe de um software interativo para ensino de informática. “O
professor é o próprio software”, diz Roberto. O primeiro curso é de
digitação, seguido por outros sobre os aplicativos da Microsoft, com
Windows. Uma rede com 11 computadores serve à sala dos cursos de
informática; outros quatro, noutro ambiente, à navegação livre e, nesse
caso, rodando Curumim, distribuição de código aberto. Os cursos são
freqüentados por 240 alunos, com aulas de hora em hora, o dia inteiro,
oito horas por dia. As turmas funcionam duas vezes por semana. E a
sexta-feira está reservada para pessoas com mais de 50 anos.
Voluntários
A sustentabilidade do projeto é assegurada por cursos avançados (e
pagos) oferecidos, nos sábados, por 32 voluntários, 70% deles analistas
de sistemas. Por exemplo, um curso de três meses sobre o AutoCad (para
desenho de projetos) sai por R$ 300,00. Roberto diz que é mais barato
do que os de mercado (cerca de R$ 2 mil), mas suficiente para sustentar
a Estação Digital por um ano.
Além das aulas dos voluntários, Roberto destaca parcerias. A
Fundação Banco do Brasil remunerou, durante seis meses, três monitores
da Estação Digital, formalizada há dois anos e meio. O acesso à
internet Speedy é financiada pela própria Abecal. Outro parceiro
estratégico, diz Roberto, é o representante da Minolta do Brasil, que
paga o aluguel da sede, comprou as cadeiras, e contrata a entidade para
capacitar seus próprios funcionários. Serviço que Abecal também presta
a outras empresas. “Esse esforço concentrado é para sustentar todo o
projeto”. A ação social tem um gasto de R$ 3,4 mil por mês, e ainda
requer um desembolso dos voluntários de R$ 1,5 mil, em média.
No CRC, a idéia é receber os micros para serem recondicionados,
trabalhando com 15 técnicos, com dois auxiliares cada. Cada técnico
ficaria responsável por dez alunos. Ou seja, 150 alunos de manhã, e 150
à tarde. “Eles vão fazer um curso de dois meses, para serem técnicos de
computador”. Os micros recuperados seriam doados a escolas.
Outro projeto para o novo galpão é uma oficina de papel reciclado, para
cem carrinheiros (catadores de papel). E, este mês, a entidade inaugura
a publicação bimestral “Abecal Reciclando Vidas”, feita por portadores
de deficiências. A entidade também mantém um albergue para moradores de
rua, em parceria com a Secretaria de Assistência Social da prefeitura
de São Paulo.