Para saber como anda o Brasil digital
Chegou o Anuário ARede de Inclusão Digital, um vasto panorama de dezenas de projetos do setor público.
ARede nº54 dezembro/2009 – Os programas de inclusão digital não chegavam a uma dezena no início dos anos 2000. Hoje, só seis dos 27 estados da federação não têm projetos próprios de inclusão digital. No âmbito do governo federal, são 21 programas, a maioria em parceria com instituições estaduais, prefeituras e organizações do Terceiro Setor, somando de 11 mil a 12 mil telecentros. Seis capitais têm projetos próprios e muitas cidades espalhadas pelo país já conectaram suas unidades em rede, oferecem serviços de governo eletrônico e abriram o sinal da internet à população, pelo menos em praças e pontos públicos.
Esses dados – e muito outros, incluindo reportagens sobre cada projeto do governo federal, dos estados e das capitais, com informações sobre o público atingido, os investimentos realizados e os objetivos – estão nas 146 páginas da primeira edição do Anuário ARede de Inclusão Digital, lançado pela Momento Editorial a 16 de novembro.
Verdadeira radiografia dos projetos públicos de inclusão digital no Brasil, o anuário revelou não só que o número de projetos se multiplicou nos últimos anos, mas também que as iniciativas ganharam em qualidade. Houve um importante avanço no entendimento do que é inclusão digital e do papel dos pontos de acesso público à internet. Os telecentros começam a ser vistos não só como salas de informática, mas como espaços de cidadania – afinal, muito mais do que a infraestrutura física, uma vez que a tecnologia é só um meio, o que esses projetos têm de especial é justamente sua concepção de cidadania, de oferta de serviços públicos qualificados e integrados. Talvez por isso mesmo, a maioria dos projetos de inclusão digital prioriza a educação.
É, portanto, em bom momento que, pela primeira vez, no país, uma publicação aborda todas as ações de inclusão digital realizadas pelo poder público. Embora esse panorama não contemple uma análise crítica das ações, ele poderá municiar o trabalho de pesquisadores, especialistas e, em especial, de formuladores de políticas públicas na área de inclusão digital.
“A sociedade é cada vez mais uma sociedade da informação e os grupos sociais que não souberem processar, encontrar, organizar, armazenar, recuperar e distribuir essas informações poderão ter suas condições de vida degradadas”, avisou o sociólogo Sérgio Amadeu da Silveira, em artigo publicado na edição de agosto da revista ARede (nº 50). O Anuário ARede de Inclusão Digital é uma contribuição para que nenhum grupo social brasileiro tenha sua vida degradada dessa forma. Na sua próxima edição, em 2010, a publicação vai focalizar projetos do Terceiro Setor e das empresas.