Centro de desenvolvimento tecnológico do governo oferece Mais de 200 cursos a distância gratuitos
Fred Ghedini
ARede nº63 Outubro de 2010 – A defesa, o desenvolvimento e a propagação dos programas de uso livre e gratuito estão no DNA do Centro de Difusão de Tecnologia e Conhecimento (CDTC), vinculado ao Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI), autarquia ligada à Casa Civil da Presidência da República. Idealizado em 2004 exatamente com esse propósito, hoje o Centro está prestes a protagonizar “o maior case de formação em tecnologias livres do mundo”, anima-se o gestor Djalma Valois. Com mais de 75 mil alunos certificados em seus cursos (ver página 30) ao longo desses seis anos, o Centro se prepara para fornecer Educação a Distância (EAD) aos telecentros do programa de inclusão digital do Ministério das Comunicações (Minicom).
O ministério deve investir em torno de RS 1,5 milhão ao ano, já começando em 2010, para que cada telecentro da rede – mais de 4 mil, em todo o país – tenha a possibilidade de se tornar um pólo de presença do CDTC. Ou seja, o telecentro será credenciado oficialmente pelo Centro para oferecer cursos, validar os alunos e aplicar as provas de certificação. Os entendimentos estão sendo finalizados para que o Minicom e o ITI assinem o protocolo ainda em setembro. Valois conta que o CDTC também colocou todos os seus cursos à disposição da rede de formação do Telecentros.BR, maior programa de inclusão digital do governo federal.
Mas as novidades não param por aí. A partir de janeiro de 2011, o CDTC vai descentralizar sua atuação. Não só os telecentros, mas qualquer instituição, entidade, movimento social ou comunidade poderá ser um polo local do CDTC para oferecer a seus usuários o cardápio de cursos disponíveis. Para atender a essa nova demanda dos pontos distribuídos pelo país, o CDTC já fez as adaptações necessárias na plataforma Moodle – tecnologia aberta de ensino a distância. E Valois deixa claro que será cobrado o compromisso das unidades que se interessarem em oferecer os cursos: “Se um Ponto de Cultura, um telecentro, uma igreja, uma empresa ou uma ONG alegar que está colocando à disposição dos interessados três máquinas, das 9h às 12 h, de segunda a sábado, e um técnico ou monitor local, o compromisso terá de ser cumprido, pois estará registrado em nosso sistema como parte da oferta de vagas do CDTC”.
Com a missão de atender à máquina governamental, as empresas públicas e a sociedade, o CDTC tem uma estrutura enxuta: apenas três funcionários fixos e uma equipe de estagiários que aumenta ou diminui, dependendo das necessidades dos projetos em andamento. Esses estagiários são estudantes de graduação, principalmente dos cursos de Ciências da Computação, Engenharia de Redes de Comunicação da Universidade de Brasília que atuam tanto no desenvolvimento das soluções quanto no suporte às atividades. O CDTF tem quatro eixos principais. O de maior envergadura é a oferta e o acompanhamento dos cursos a distância, predominantemente sobre software livre, em módulos que vão de conhecimentos básicos a avançados (veja página 30). Atualmente, 273 cursos estão disponíveis. “Fazemos o acompanhamento de todos os inscritos. Sabemos, por exemplo, que um aluno do Paraná é campeão no número de cursos feitos: passou por todos, com média não inferior a 9,7”, diz Djalma.
No Paraná também está a maior concentração de inscritos no Centro. São mais de 5 mil, principalmente professores da rede pública estadual. Há dois anos o governo do estado adotou o CDTC como referência para a formação do funcionalismo. Os professores se inscreveram em massa nos cursos e passaram a ser multiplicadores do conhecimento de software livre entre os estudantes da rede pública de ensino.
Os estagiários universitários fazem a monitoria dos cursos. Por isso, qualificar esses estagiários nas plataformas abertas é outra tarefa do CDTC. Até a assinatura do convênio com o Minicom, o único convênio era com a UnB, limitação imposta pela verba até então destinada ao projeto pelo ITI. A iniciativa com o Minicom vai permitir que sejam abertos núcleos operacionais em outras universidades federais do país.
Além da monitoria dos cursos em andamento, os estudantes de graduação que estagiam no Centro fazem pesquisa e desenvolvimento de software livre para as mais diferentes aplicações em órgãos do governo federal e em empresas públicas. Até o momento, 70 estagiários universitários já passaram pelo CDTC. O Centro também articula, em parceria com o Itamaraty, o relacionamento com governos de outros países da América do Sul. Atividades com base na utilização e no desenvolvimento do software livre são realizadas junto com Argentina, Cuba e El Salvador.
Outra frente de atuação do CDTC é a organização e a oferta de recursos técnicos computacionais voltados para ações de instâncias governamentais e de empresas públicas. Por exemplo: o Centro desenvolveu um sistema em código aberto para as quatro emissoras de rádio web da Embrapa; um servidor de videoconferência utilizando o OpenMeeting e um aplicativo em metaverso, para encontros virtuais com avatares, semelhante ao Second Life – aplicação que pode ser utilizada como central de atendimento por órgãos públicos e empresas.
“Uma iniciativa capaz de colocar no ar cursos a distância de boa qualidade, a um custo de R$ 3, que é algo muito barato, pode prestar um serviço importante para o país, tanto na área governamental quanto para a sociedade como um todo”, diz Djalma Valois, que acredita que o CDTF tem todas as condições de crescer muito nos próximos anos.
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