Conexão Social

Conexões duradouras

Bailux, uma rede de conhecimentos livres na bahia.

Lennon Lima

ARede nº72 agosto de 2011 – O Bailux – Esporo de Metareciclagem, fundado em 2005 e reconhecido como Ponto de Cultura em 2009, trabalha para a inclusão social de moradores da região de Arraial d’Ajuda, Bahia, utilizando práticas de metareciclagem e cultura digital. O Bailux atua há cinco anos como Zona Autônoma Temporária (TAZ, do inglês Temporary Autonomous Zone) venceu um edital para se tornar um Pontão de Cultura Digital mas depende de um cadastramento no Sistema de Gestão de Convênios (Siconv) para receber recursos do Ministério da Cultura. Hoje, se mantém com material fornecido pela própria comunidade, que em vez de serem simplesmente descartados são reutilizados. Os replicadores que repassam o conhecimento são voluntários e um provedor parceiro garante conexão a internet.

Os primeiros passos das pessoas que participam das atividades promovidas pelo coletivo são as aulas de hardware. Tratar a tecnologia como artesanato, um quebra-cabeça que pode e deve ser aberto, exposto, desmontado e remontado é um dos princípios do Bailux. Assim, a metodologia aplicada nas oficinas é a da “conectividade”, diz Regis Braz, criador do projeto, que adotou o nome de ativista Regis Bailux. A partir da curiosidade dos alunos sobre as peças do computador, a origem de cada uma, a função que desempenham, onde consegui-las, são introduzidos outros elementos do universo digital, como princípios de tecnologias livres. O grupo só usa software livre. Segundo Bráz, “nem tanto pelo custo, mas por entendermos o conhecimento como bem coletivo e livremente apropriável”.

No início deste ano, os encontro semanais promovidos no Bailux, juntamente com outros replicadores formados no próprio Ponto de Cultura, passaram a acontecer no espaço da Associação Casa Filhos dos Céus. No início das atividades, o laboratório era um pequeno ateliê na casa de Braz, que foi o idealizador da iniciativa. Designer da área têxtil, ele navegava, na época, na rede quando encontrou o site do coletivo Sampa.org. Na página, havia um mural que não recebia atualização há pelo menos dois anos. Mesmo assim, Braz resolveu postar perguntas como: o que é software livre? O que é essa comunidade? Para sua surpresa, pouco tempo depois obteve resposta. Recebeu indicações de pessoas para serem adicionadas e rapidamente acumulou um grande volume de informações. Desde então, não conseguiu mais parar de se interessar pelo assunto.

O Bailux é voltado especialmente para adolescentes, a maioria estudante do ensino médio, mas também aceita pessoas de outras faixas etárias. Rafael Santos Nascimento, 21 anos,  foi uns dos aprendizes do Ponto de Cultura e hoje colabora como replicador. Ele conta como conheceu o projeto: “Eu estava na praia, quando o Régis começou a conversar comigo sobre o projeto, sobre metareciclagem, hardware, informática”. Decidiu participar. Hoje, trabalha como técnico de informática em duas empresas, além de colaborar com o Bailux e na atividade realizada na comunidade indígena próxima à vila.

O Ponto de Cultura Bailux recentemente estendeu sua atuação, interagindo com a comunidade indígena Aldeia Velha Pataxó, que faz fronteira com Arraial d’Ajuda. A população aprende sobre metareciclagem, hardware, entre outros conceitos de informática. Em troca, compartilha os conhecimentos nativos sobre os recursos do local, que  Braz chama de “tecnologia da fauna”. Participantes transmitem os conhecimentos adquiridos para os outros, formando uma rede. {jcomments on}