conexão social – Curitiba está mais conectada

Curitiba está mais conectada

Escolas municipais terão rede sem fio com acesso gratuito à população enquanto alunos ganham netbooks
Carmen Nery

 

ARede nº 85 – outubro de 2012

 

PRIMEIRA COLOCADA no Índice Brasil de Cidades Digitais 2012, divulgado em julho, a capital do Paraná continua investindo em políticas para aumentar o acesso da população ao mundo da tecnologia. Está implantando um projeto que amplia a cobertura da rede Wi-Fi disponível em alguns espaços públicos da cidade para todas as 181 escolas da rede municipal e abre o sinal gratuitamente à população em um raio de até 400 metros no entorno de cada instituição de ensino.

Estas ações estão integradas ao projeto Conexão Escola, da Secretaria Municipal da Educação, que também está distribuindo 20 mil netbooks para as escolas. Os equipamentos foram adquiridos por meio de parceria entre a prefeitura de Curitiba e o governo federal, no âmbito do Programa Um Computador por Aluno (Prouca). O Instituto Curitiba de Informática (ICI), responsável pela pesquisa e desenvolvimento de soluções de informática voltadas à gestão pública, está levando novos links de fibra óptica às escolas, de forma que as conexões estão passando de 2 Mbps (padrão do Prouca) para 10 Mbps.

A cobertura sem fio em espaços públicos hoje chega a 55 pontos de acesso livre: no Largo da Ordem, região central da cidade, nas nove administrações regionais, no Mercado Municipal, no Parque Birigui, no Jardim Botânico e na Praça Espanha, outra área central. Segundo Renato Rodrigues, presidente da ICI, o projeto está sendo levado aos terminais de ônibus e deve atingir 200 terminais até o segundo semestre de 2013.

“Só no Largo da Ordem temos informação de que são feitos mais de cem acessos diários. Nas escolas que já receberam o sinal, a média é de 60 acessos por dia pela população, fora os alunos em sala de aula. Nossa meta é fazer de Curitiba a cidade mais digital do país e criar meios para a inclusão digital da população. Passado o período eleitoral, vamos promover uma campanha para massificar o acesso. Já colocamos o número 156 à disposição, para dar suporte ao cidadão”, diz Rodrigues.

Desde o início do ano, as antenas foram instaladas em 24 escolas, que atendem atualmente a cerca de 800 domicílios no entorno – o que representa um investimento de R$ 1,2 milhão. A meta é completar a conexão das 181 escolas até março de 2013, somando um investimento total de cerca de R$ 5 milhões.

Segundo Jucirê Maria Matte Escremin, diretora do Departamento de Tecnologia e Difusão Educacional da Secretaria Municipal da Educação, 98 escolas receberam de um a cinco kits com 40 netbooks – um total de 10,4 mil unidades para serem usadas nas aulas de matemática e português. Também foram distribuídos 260 armários para o armazenamento e carregamento dos equipamentos com um consumo de energia de apenas 1,7 watt, o equivalente ao consumo de uma lâmpada fluorescente.

O netbook do Conexão Escola tem configuração exclusiva e requisitos funcionais próprios para uso escolar, com tela de sete polegadas, bateria com autonomia de três horas e peso de até 1,5 kg. Tem 1 GB de memória RAM e armazenamento de 8 GB. “A meta é concluir a entrega dos 20 mil equipamentos até 22 de outubro. Com a rede sem fio é possível ter até 120 computadores ligados simultaneamente. O projeto inclui ainda o uso do software educativo Aprimora, que tem exercícios interativos de português e matemática para crianças do 2º ao 5º ano do fundamental. Também permite gerar relatórios do desempenho dos alunos para o professor, o diretor e para os núcleos regionais da secretaria de educação”, diz Escremin.

Escola-polo
Para a disseminação do projeto, a secretaria elegeu, em cada um dos nove núcleos regionais, uma escola-polo. O papel dessa unidade é sensibilizar os profissionais, promover cursos e trabalhar junto com os pedagogos na capacitação dos educadores. Os professores estão recebendo 12 horas de formação, e os pedagogos e diretores, 4 horas. Até o momento, foram capacitados mil professores. De acordo com Escremin, a proposta é, até o final do ano, atingir a metade dos 12 mil docentes: “Os pedagogos terão o papel de mobilizadores para que os professores incluam a ferramenta na rotina de trabalho”.

A primeira escola a receber o serviço e os equipamentos foi a Rachel Mader Gonçalves, do bairro Uberaba. Os alunos, que antes utilizavam a internet apenas nos 16 computadores do laboratório de informática, cerca de uma hora por semana, agora podem acessar conteúdos em diferentes momentos, na sala de aula ou em qualquer ambiente da escola. A diretora Raquel Trindade conta que os alunos receberam com euforia os equipamentos e muitos têm mais conhecimento que os próprios professores, ainda em processo de capacitação. No primeiro dia da formação, diz ela, houve uma resistência inicial dos professores. Mas no final da noite ninguém mais queria desligar o netbook.

Ela observa que a internet aberta em toda a escola é um novo incentivo para aumentar a participação da população nas atividades de finais de semana, quando acontece o projeto Comunidade Escola. “Muitos têm computador em casa, mas não podem pagar pelo serviço de internet. Isso deve tornar o cenário mais positivo e criar uma sensação de pertencimento que melhora a autoestima da comunidade”, acredita.