Conexão Social

Jovens em defesa de seus direitos

Unicef faz parcerias de inclusão digital para que os adolescentes articulem ações nas comunidades

Mariana Tamari

ARede nº41 Outubro de 2008 –
A idéia vai além de preparar jovens para o mercado de trabalho ou capacitar futuros profissionais no uso de ferramentas tecnológicas. A Plataforma Unicef para Centros Urbanos tem como proposta estimular jovens de comunidades carentes para que articulem ações em defesa de seus direitos. Essa estratégia resultou, dia 17 de setembro, na inauguração de um Centro de Inclusão Digital (CID) na capital paulista, junto à sede da revista Viração, um projeto social de educomunicação.

Esse foi o primeiro de uma série de 30 centros previstos para serem instalados, até o final de 2009, por meio de uma parceria entre o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a British Telecom (BT) e a Fundação Bradesco. A Amazônia e os estados do Rio de Janeiro e de São Paulo serão as regiões contempladas pelo projeto. Anna Penido, coordenadora do Unicef em São Paulo, contou por quê a Viração foi pioneira: “A revista tem um viés próprio no tratamento do jovem e da educomunicação. É uma instituição que trabalha com o protagonismo, com a comunicação popular feita para jovens, por jovens e com jovens”. Segundo Anna, o organismo internacional pretende que os jovens se empoderem do uso de ferramentas tecnológicas e, a partir disso, mobilizem suas comunidades pela garantia de seus direitos, incluindo o acesso à tecnologia. “Justamente por termos em vista essa plataforma mais ampla, estamos buscando organizações que não trabalhem apenas com uma formação do jovem para o mercado. Queremos capacitá-lo para a educação, para a política e para a luta pelos seus direitos”, afirma Anna.

Conexão por satélite

Mais seis CIDs deverão ser entregues ainda este ano. Os locais ainda não foram definidos, mas estão sendo avaliados espaços no Complexo do Alemão e na região do Campo Grande, no Rio de Janeiro; na comunidade de Heliópolis, em São Paulo; e nas cidades de Belém e Santarém, no estado do Pará. Cada Centro terá entre 10 e 15 computadores, impressora e scanner, fornecidos pela Fundação Bradesco, que deve aplicar cerca de R$ 30 mil em cada unidade. A BT será responsável pela conectividade, fornecida via satélite. Os CDIs terão capacidade para receber até cem pessoas por dia.

Em cada CID, haverá um núcleo de cinco jovens monitores, que serão multiplicadores do processo de inclusão digital para outras crianças e adolescentes. Esse grupo vai receber uma remuneração pelo trabalho, estimado para durar dois anos. A administração dos processos pedagógicos de cada centro fica a cargo de organizações ou associações comunitárias escolhidas pelo Unicef.

Além desse projeto com a Fundação Bradesco, o Unicef e a BT e têm outra parceria para instalar mais 40 centros de inclusão digital no país, também previstos para funcionar até o final 2009. “Só este ano investimos R$ 3 milhões no Brasil com esses dois projetos”, informou Luiz Sanches, diretor geral da BT no Brasil.