Projeto garante conexão de assentados no Ceará o crid também trabalha com inclusão digital em espaços rurais
ARede nº60, junho 2010 –A criação de espaços de informática em assentamentos rurais também é realizada pelo projeto Centros Rurais de Inclusão Digital (Crid), do Laboratório de Pesquisa Multimeios da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará (UFC). “Desenvolvemos a inclusão sócio-digital das comunidades”, explica o professor Hermínio Borges Neto, idealizador do projeto.
O Crid é preferencialmente promovido em áreas de assentamento bem organizadas, com difícil acesso e dificuldade de comunicação com o exterior. De acordo com o professor, a própria comunidade participa de todo o processo de implementação e escolhe o local onde o centro será instalado. O projeto, que tem como parceiros o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária do Ceará (Incra/CE), o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) e o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), prevê uma formação continuada de sete meses para os responsáveis pelo espaço.
O objetivo, diz Borges Neto, é fazer com que os assentados “se apoderem do equipamento” para garantir que o centro funcione: “Assim, desenvolvemos a autonomia deles e a capacidade de resolver problemas a distância. Queremos que eles se apropriem da cultura digital”.
Educação a distância
A proposta do Crid é a de funcionar como um centro de educação a distância. “Com a formação de sete meses”, explica o professor, “garantimos que não ocorram problemas recorrentes em telecentros, como, por exemplo, quando o computador quebra e o reparo demora muito porque os técnicos moram na capital e demoram para se deslocar. Assim, reduzimos viagens e custos.”
O Crid está instalado em comunidades no interior do Ceará, como os assentamentos de Santana – no município de Monsenhor Tabosa, localizado a 275 quilômetros de Fortaleza, formado por uma agrovila com 77 famílias – e o de Todos os Santos, em Canindé, a 170 quilômetros de Fortaleza, com 72 famílias. O primeiro foi criado em 2003; o segundo, em 2004. “Além de estar isoladas, distantes da capital, essas comunidades tinham dificuldades de comunicação”, lembra Borges Neto.
Em Santana, por exemplo, havia apenas um telefone público, que não funcionava. Por meio do comércio eletrônico e de uma rede de propaganda virtual, os camponeses incrementaram a venda de mel de abelha semi-orgânico, que é vendido até para a Itália e se tornou a maior fonte de renda do assentamento. Além disso, pondera Borges Neto, que idealizou o projeto, a inclusão digital elevou a autoestima nos assentamentos rurais. “É muito importante que eles se sintam inseridos no mundo da comunicação”, diz o professor, que acredita que o telecentro rural é também “uma maneira de ajudar a fixar os jovens no campo”. (T.M.)
Foto Multimeios