Mobilidade para o social
Expansão e sustentabilidade de redes banda larga foram debatidas durante seminário em São Paulo
Fátima Fonseca
ARede nº71 julho de 2011 – As ações do Plano Nacional de Banda Larga para 2011 foram tema de debates no 9º Wireless Mundi, seminário promovido pela Momento Editorial, no mês de junho, em São Paulo (SP). Os técnicos do governo envolvidos com a implementação do PNBL concluíram que o uso de rádio nos enlaces da rede da Telebrás pode limitar a expansão da capacidade, o que exigiria novos investimentos para atender um eventual aumento de demanda. Por isso, o governo está discutindo, com os diversos segmentos, a opção de ampliar o volume de fibras no backhaul. Assim, a interligação das sedes dos municípios ao backbone terá assegurada a transmissão com velocidades mais altas.
Uma das ideias para ampliar os investimentos é fortalecer a parceria com a Rede Nacional de Pesquisa (RNP), que tem entre seus desafios levar sua rede comunitária de educação e pesquisa (Redecomep) para as universidades e institutos federais de ensino no interior, conforme explicou José Luiz Ribeiro Filho, diretor de Serviços e Soluções da RNP, durante o encontro. Outra proposta em discussão são os investimentos conjuntos no backhaul. O PNBL prevê, para esta primeira fase, o atendimento prioritário de cidades localizadas a 50 quilômetros de seu backbone. “Queremos estender essa distância até pelo menos 200 quilômetros, para levar a rede aos municípios que sediam instituições de ensino superior ainda não conectadas à Redecomep”, afirmou Ribeiro.
“Mais importante que a fibra é o duto para passar a fibra”, alertou Fernando Carvalho, presidente da Etice, empresa de tecnologia da informação do Ceará, e representante da Abep (entidade que reúne as empresas estaduais de TICs) nas negociações com a Telebrás para compartilhamento de redes. Carvalho defendeu o compartilhamento de infraestrutura, recomendando que os municípios revejam o plano diretor da cidade e criem leis para que, em uma obra, como de saneamento ou gás, seja passado um duto reservado para o lançamento futuro de cabos e fibras ópticas. A representante da Telebrás, Cristiane Cardoso, apoiou a sugestão e destacou que a Telebrás estuda modelos para os projetos de cidades digitais em fibra e em rádio.
O secretário executivo do Ministério das Comunicações, Cezar Alvarez, informou que, a pedido do ministro Paulo Bernardo, a Telebrás trabalha com três cenários para diferentes orçamentos, na primeira fase do PNBL: um detalha a implementação de ações dentro do orçamento atual da Telebrás para 2011, de R$ 350 milhões; o segundo define ações para um orçamento de R$ 600 milhões neste ano; e o terceiro, para R$ 800 milhões. Segundo ele, se forem liberados mais recursos para a estatal este ano, a cobertura poderá ser ampliada, assim como a rede de fibra óptica. “Em lugares onde está previsto WiMAX, podemos colocar fibra”, disse. “A cidade digital é um processo de construção de uma política pública compartilhada”, observou Alvarez.
Cristiane enfatizou que à Telebrás caberá implementar a rede privativa de comunicação da administração pública federal; prestar apoio e suporte a políticas públicas de conexão à internet em banda larga para universidades, centros de pesquisa, escolas, hospitais, postos de atendimento, telecentros, comunitários e outros pontos de interesse público; além de prover infraestrutura e redes de suporte a serviços de telecomunicações prestados por empresas privadas, estados, Distrito Federal, municípios e instituições sem fins lucrativos. “A prestação de serviço de conexão à internet em banda larga para usuários finais ocorrerá apenas e tão somente em localidades onde inexista oferta adequada dos serviços”, frisou Cristiane. E, nesse processo, reafirmou, “a Telebrás terá função indutora, utilizará a infraestrutura do backbone e backhaul para viabilizar as redes de última milha”.
RECURSOS DO PMAT
Após lançar, em março deste ano, o PMAT Automático – versão simplificada de seu Programa de Modernização da Administração Tributária e da Gestão dos Setores Sociais Básicos –, criado para financiar em até R$ 10 milhões projetos de modernização de municípios com até 150 mil habitantes, o BNDES está, agora, buscando instituições para ajudar prefeituras a criar projetos que possam ser executados com recursos do PMAT. Em palestra no 9º Wireless Mundi, o chefe do Departamento de Gestão e Investimentos Públicos da Área de Inclusão Social do BNDES, Marcelo Fernandes, explicou que o objetivo das parcerias (com instituições públicas ou privadas) é o desenvolvimento de pacotes de serviços para melhoria de gestão nos municípios.
Via celular
A Paggo, empresa de pagamentos com tecnologia móvel, originados ou concluídos em dispositivos de telefonia celular, e o Ministério do Desenvolvimento Social vão discutir a possibilidade de usar esse serviço para a inclusão bancária de famílias de baixa renda cadastradas no programa Brasil Sem Miséria. Anderson Jorge Lopes Brandão, assessor da Secretaria Extraordinária de Superação da Extrema Pobreza, afirmou que existe um grande potencial do uso das redes de telefonia móvel para a bancarização dos brasileiros de baixa renda e oferta de serviços de contas transacionais, microcrédito, microsseguros e poupança. A Paggo, que passou a focar seu serviço no atendimento das classes C e D, principalmente em empreendedores individuais (vendedoras de cosméticos, manicures, encanadores), pretende convidar outras operadoras a participar do negócio, em igualdade de condições com a Oi, explicou o presidente Massayuki Fujimoto.
Os participantes do 9º Wireless Mundi puderam ainda conhecer cases como o do Departamento de Trânsito de São Paulo (Detran); o do projeto Tecnologia Cidadã, de Guarulhos (SP); e o do projeto de Icapuí (CE). Além de assistir palestras técnicas das empresas Claro, Cisco, Giap, Grupo Gente, Padtec, TIM, Trópico e Procempa.