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Faça você mesmo. Em 3D.

OBJETOS DE DESEJO, AS IMPRESSORAS 3D SE POPULARIZAM
POR MEIO DE INICIATIVAS DE DESENVOLVIMENTO LIVRE.
JANE SOARES E JOÃO VARELLA

ARede nº 80 – maio de 2012

CRIATIVIDADE sem limite. Software livre para quem quiser modificar. Hardware livre para colocar ou retirar peças. Possibilidades infinitas de modelagem. Esse é o mundo das impressoras 3D em código aberto. Antes restritas às grandes indústrias, a preços proibitivos, as máquinas de “imprimir coisas” se popularizam
por meio de desenvolvimento cooperado. Podem ser adquiridas por valores mais acessíveis. Ou podem ser construídas em casa, sem custo, se o interessado baixar os códigos abertos e os programas livres, tudo disponível na internet.

As impressoras 3D não têm nada a ver com as impressoras laser e a jato de tinta, que imprimem imagens bidimensionais com tinta em papel. Também conhecidas como máquinas de prototipagem rápida, modelam, camada por camada, objetos tridimensionais com plástico derretido, gesso ou metal. No modelo doméstico ou de pequena escala, criam, em no máximo uma hora, peças do tamanho de um cubo de 30 centímetros – desde uma simples peça de brinquedo até uma outra impressora.
A pioneira no desenvolvimento de impressora 3D em código livre no Brasil é a Metamáquina, empresa formada no início deste ano por três jovens entusiastas do conceito de tecnologia livre. O equipamento, chamado de Metamáquina 3D, faz protótipos em plástico em dimensão equivalente a um cubo de 22 centímetros. Montado, custa R$ 3.700 – valor muito inferior à média de R$ 20 mil das máquinas comerciais do mesmo porte, e de até R$ 300 mil, nos modelos industriais. Também é possível adquirir a impressora desmontada ou em kits com algumas peças.

“Arquitetos, prototipistas, instituições de ensinoe, claro, curiosos, são o público-alvo que imaginamos. Mas acreditamos que o uso vai ser dado pelos próprios usuários, com o passar do tempo”, diz Felipe Moura, de 29 anos, formado em matemática e responsável pelo departamento comercial da empresa. A programação e a montagem da máquina ficam por conta dos engenheiros Felipe Correa da Silva Sanches, de 28 anos, e Rodrigo Rodrigues, de 25.

Porém, quem quiser se dedicar a um desenvolvimento próprio encontra o que precisa na web. Toda a descrição da construção da Metamáquina está na internet. “É permitido modificar tanto a estrutura do equipamento quanto o software, que hoje lê os formatos mais usados de desenhos tridimensionais”, conta Sanches.
A rede mundial também ajudou os três amigos a viabilizar o projeto, que começou com recursos de financiamento coletivo. Eles arrecadaram R$ 30 mil no site Catarse. E assumiram o compromisso de compartilhar a tecnologia, inclusive com outros desenvolvedores que podem se tornar concorrentes da Metamáquina. “Não nos preocupamos com competição da maneira tradicional. Queremos sempre ser referência em tecnologia”, garante Moura.
Para quem não quer montar ou comprar uma impressora 3D, há outras possibilidades. O site Imprima 3D oferece serviços que transformam as ideias em realidade. “Nosso objetivo inicial era atrair designers que desenvolvessem produtos e projetos para serem expostos e vendidos no site”, conta o desenhista industrial Vinícius Dourado, criador do portal, no qual foram investidos R$ 500 mil. Surpreendentemente, a maioria dos cerca de 25 mil visitantes que passaram pelo site são pessoas que mandam imprimir seus próprios objetos ou que compram um dos cerca de 60 produtos oferecidos– de capas de iPhone a brincos e braceletes. Os preços variam de R$ 8 a R$ 1.500. O maior número de artigos está na seção de miniaturas.

O designer Alexandre Neto é um dos clientes mais assíduos do Imprima 3D e criador de alguns produtos vendidos na loja virtual do site. “Já conhecia a tecnologia e usava os serviços de sites existentes no exterior. Quando você cria um produto, uma embalagem, por exemplo, pode imprimir seu projeto para apresentá-lo ao cliente e até para ver como funciona, na prática”, explica. Neto atua principalmente na área de criação de brinquedos e negocia com os empresários do Imprima 3D o desenvolvimento de uma linha de kits de bonecos articulados, que podem ser montados e pintados pelos compradores. “Estamos pensando em uma coleção de bonecos ligados ao folclore brasileiro, como o saci pererê e a cuca, destinados a colecionadores”, conta.

http://metamaquina.com.br |
http://catarse.me/pt | www.imprima3D.com.br

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