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conexão social – Fala Paraisópolis!

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Fala Paraisópolis!

Programa social mantido pelo Grupo Einstein forma jovens para atuar em educomunicação e desenvolver visão crítica da mídia
Texto Áurea Lopes, Bianca Mendes, Camila Carvalho, Carolinne
de Araújo, Ítalo Oliveira, Jonathan Araujo, Lídia Martins,
Pamela Borges, Rayane Silva e Tharcizo Livramento  |  Fotos Adalgisa
dos Santos, Laércio Uchôa, Rafaela dos Santos e Tharcizo Livramento


ARede nº 91 – maio de 2013

 

Produção colaborativa
Para fazer esta reportagem, eu convidei a galera do Núcleo Arte e Comunicação, do Programa Einstein na Comunidade (PEC). Os meninos e as meninas que integram o projeto, muitos deles já envolvidos na produção do jornal Comunidade em Ação, participaram de todo o processo editorial. Será que gostaram? Será que essa expe-
riência vai motivar a formação de um jornalista de texto ou de imagem?

Começamos com uma reunião de pauta, na sede do PEC. No começo, todo mundo tímido, só me ouviam explicar que o trabalho era sério, coisa para publicar… achei que não estavam acreditando. Aos poucos, o debate sobre a pauta foi esquentando e aí rolou uma enxurrada de perguntas e sugestões. Me animei. Levantamos as fontes para entrevistas, fizemos a pauta de fotos e vídeos. Formamos as equipes de texto e imagens, e botamos o bloco na rua.

Exatamente no prazo combinado (êêê…!) recebi textos e fotos. Fiz uma avaliação do ponto de vista da edição, e marcamos nova reunião. Desta vez, na redação da revista ARede, onde a moçada conheceu os demais profissionais envolvidos na produção, comeu bolo, tomou suco e conversou com nossa editora de arte para definir o visual da matéria.

Depois das páginas prontas, a galera recebeu os arquivos diagramados para revisar e fazer as legendas das fotos.

Daí, foi só esperar a revista sair “do forno”. Belo trabalho. Valeu, pessoal! (A.L.)

7 motivos para escrever corretamente na internet. Para saber quais são, leia a edição nº 10 do jornal Comunidade em Ação (ver página 35), produzido pelos jovens da Oficina de Comunicação do Programa Einstein na Comunidade (PEC) de Paraisópolis, periferia da cidade de São Paulo (SP). A publicação é uma das atividades realizadas dentro do Núcleo Arte e Comunicação, que recebe mais de mil crianças e jovens por ano. No Núcleo, acontecem o Programa Arte e Cultura – com oficinas de teatro, música, dança, entre outras formas de expressão – e formações de Informática e Cidadania – com 60 oficinas por semana de informática básica, movie maker, stop motion, áudio, entre outras.

O laboratório de informática, que funciona também como um telecentro aberto à comunidade, de segunda a sexta, das 7h30 às 8h30, é equipado com 12 máquinas conectadas à internet em velocidade de 8 Mbps. Das 8h30 até as 16h30, o espaço é usado exclusivamente para ações ligadas ao programa. “A metodologia, adquirida do CDI, visa uma educação cidadã”, conta Suelen Faria Lima, responsável pelas atividades no laboratório e ex-integrante do Comitê para Democratização da Informática (CDI). “Trabalhamos desde o reforço escolar dos pequenos até a orientação de jovens para o mercado de trabalho”, acrescenta Vanda Falcone, coordenadora do Núcleo. Telma Sobolh, presidente da associação de voluntários do Hospital Albert Einstein, reforça: “Nossa temática tem muita preocupação em contemplar os diversos aspectos dos direitos das pessoas”.

O impacto do programa na comunidade nunca foi medido por instrumentos estatísticos. Mas às vezes as histórias falam mais que os números. Aos 16 anos, Luís Gustavo Santos do Amaral completa doze anos de PEC. Começou criança, na oficina de educação cidadã. Fez parte do grupo que pediu para essa oficina, que até então atendia apenas crianças, estender a idade até os 15 anos. A direção do PEC atendeu o pedido da galera. Hoje, no segundo ano do ensino médio da Etec Abadias do Nascimento, do Centro Paula Souza, em Paraisópolis, participa das oficinas de artes plásticas porque “sempre gostou de desenhar”. Para além de uma faculdade, sonha com uma pós-graduação em animação.

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Laércio Uchôa, de 16 anos, está no 3º ano do ensino médio e se interessou em fazer o curso de comunicação e fotografia para se comunicar melhor em público, conhecer pessoas novas e aprender mais sobre a coisa que mais gosta: a fotografia. Entrou para o programa em 2011 e gostou tanto que em 2013 se tornou ajudante dos professores. Ao completar dois anos na oficina, notou mudanças positivas: “Fiquei mais confiante para me expressar, para me comunicar até mesmo com pessoas com quem não tenho intimidade, ganhei mais confiança em segurar uma câmera fotográfica profissional”, diz. E a timidez? “Já não tenho mais!”, comemora.

Uma das educadoras é a jornalista Carla Prates, no programa desde 2011. Os principais objetivos, diz, são “trazer um olhar mais crítico sobre a televisão ou a internet; fazer o aluno mudar seu modo de observar as coisas, navegar na internet com um olhar de quem sabe o que é bom e o que não é”. Carla ressalta o protagonismo dos participantes: “É o jovem que faz tudo: escolhe o tema, faz as entrevistas, edita, tira fotos”. O módulo de fotografia é coordenado pelo educador e fotógrafo Fábio Oliveira, o Feijão, que ensina técnicas de fotografia, luz, cor, enquadramento. Tudo praticado em câmeras fotográficas analógicas, embora o núcleo tenha também um equipamento digital profissional. “Sempre temos saídas para exposições de fotos, museus. Saímos para fotografar, até mesmo dentro da própria comunidade de Paraisópolis”, diz o professor Fábio.

O PEC atua em Paraisópolis há 14 anos, prestando dois serviços principais: atendimento gratuito no ambulatório médico e atividades no Centro de Promoção e Atenção à Saúde (CPAS). Além do Núcleo de Comunicação, o centro tem núcleos de esportes, social (capacitações profissionalizantes) e de educação. Na área de educação, a comunidade tem à disposição uma biblioteca e uma brinquedoteca. Valneide Gomes Figueiredo, de 44 anos, trabalha há 15 anos no PEC, como auxiliar de apoio educacional. Ex-moradora de Paraisópolis, é formada em pedagogia e tem pós-graduação em psicopedagogia. “O que me motiva a permanecer aqui são as crianças. Hoje trabalho com crianças de 6 a 9 anos, muitos são filhos de amigas, comadres que ainda moram na comunidade”, afirma. 

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Imprensa Comunitária
O primeiro jornal Comunidade em Ação foi publicado em 2005. Como não havia verba para a produção, as matérias eram publicadas em folha de papel sulfite. Paulo Sérgio Pereira Serafim, de 26 anos, estava no programa nessa época. Hoje agente de ação comunitária do Programa Einstein na Comunidade, ele conta que frequentava o curso de informática básica e ia ao laboratório no horário de acesso livre para fazer pesquisas. “Foi então que surgiu a proposta de montar um jornal, para informar a comunidade. Conforme foram acontecendo os encontros, veio a ideia de montar o curso de comunicação, tendo como primeiros professores Fábio e Washington”, lembra ele.

Inicialmente o curso tinha à disposição a sala de informática do programa, um gravador e a câmera de um dos integrantes do grupo. A partir da terceira edição, os jornais começaram a criar forma, e desde então vêm tendo melhorias a cada ano. Na quarta edição, o projeto foi comandado por Carol Lemos e Fábio Mallart, e já não se usava mais sulfite e sim a folha de papel jornal. Os temas abordados foram diversos, com entrevistas com pessoas da comunidade Paraisópolis. Na 5ª edição, o tema foi “As Caras”, e jovens da comunidade falaram sobre seus sonhos. Entre eles, estava Cheila Brito, que hoje trabalha no Programa Einstein.
 
Na 10ª edição, de novembro de 2012, os jovens constatam uma visível diferença de qualidade, na forma e no conteúdo. Comandada por Carla Prates, Fábio Oliveira, Flávia Martins e Suelen Faria, tratou de temas importantes e interativos, como a moda, assunto de que a maioria dos jovens gosta.

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