Conexão Social – Férias cidadãs

Programa Turismo Solidário prepara moradores de comunidades mineiras para gerenciar pousadas domiciliares.



Programa Turismo Solidário prepara moradores de comunidades mineiras para gerenciar pousadas domiciliares.
  Leandro Quintanilha


Rita e suas bonecas de
cerâmica: a artesã vai
virar comerciante e
"hoteleira".

Passeios ecológicos, culinária regional, hábitos da vida em comunidade
e problemas sócio-econômicos a resolver. Eis o pacote do turismo
solidário, uma vanguarda européia que surgiu nos anos 90 para aliar
atividades de lazer ao combate à pobreza. No Brasil, um programa que
congrega parceiros públicos e privados está prestes a sistematizar essa
atividade em Minas Gerais. Serão 19 comunidades atendidas, que somam
mais 47 mil habitantes. 

A iniciativa reúne esforços da Secretaria de Estado Extraordinária para
o Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri e do Norte de
Minas (Sedvan), Ministério do Turismo, Sebrae-MG e Fundação Banco do
Brasil. Foram investidos cerca de R$ 900 mil. Os trabalhos começaram em
2004, com cursos de capacitação de moradores para hospedagem dos
turistas no que chamam de ‘pousadas domiciliares’.

E está previsto para 15 de maio o lançamento do site do
programa Turismo Solidário, que oferecerá guia de serviços, central de
reservas e, claro, um rico álbum fotográfico. “Estamos apostando nas
imagens para atrair os turistas”, adianta a coordenadora de projetos do
Sebrae, Mônica Alencar.

Haverá também uma seção de downloads de pesquisas e
trabalhos acadêmicos sobre a região. As ferramentas, Mônica garante,
funcionarão de forma prática e rápida, inclusive em software livre.


Viver para contar


Centro histórico de
Diamantina e bromélia
vermelha de Capivari:
as atrações locais terão
destaque no site do
programa.

O principal recurso de interatividade do site será o Diário do Turista, uma espécie de blog
público, mas com um tom pessoal. “Queremos que a experiência dos
visitantes seja narrada em primeira pessoa”, explica a
gerente-executiva do programa Turismo Solidário, Marina Magalhães
Peixoto Silva.

E eles terão muito o que contar. A idéia do programa é que, durante a
estadia, o turista colabore com a comunidade – seja com trabalho
(aulas, orientações profissionais, etc.) ou doações (roupas, livros,
alimentos, móveis…). Como retorno, o visitante desfruta do contato
com a natureza e conhece, de perto, os hábitos de vida de uma pequena
comunidade de baixa renda.

Os primeiros turistas solidários serão estudantes de Belo Horizonte,
por meio de parcerias com universidades, como explica Agmar Abdon,
coordenador dos cursos de capacitação ministrados pelo Sebrae-MG.
“Neste primeiro momento, queremos avaliar como essas comunidades vão
receber os turistas”, diz. “É também um  meio de divulgarmos o
conceito.”
Abdon ressalta que o programa Turismo Solidário não vai prejudicar os
hotéis da região. “Estamos propondo um tipo de turismo diferenciado”,
afirma. A idéia não é realocar os visitantes habituais, mas aumentar o
fluxo turístico. Os coordenadores do programa não vão interferir nos
preços cobrados pelos moradores-hospedeiros. Nos cursos de capacitação,
os anfitriões vêm sendo orientados sobre a preparação do quarto, das
toalhas e da roupa de cama, bem como, é claro, das refeições. “A
sugestão é valorizar pratos típicos, caseiros.”

A artesã Rita Gomes Ferreira, de 46 anos, está feliz por aproveitar um
quarto vago para gerar renda. “A vida aqui anda difícil.” Ela cria
sozinha o filho de 11 anos e vai aproveitar o futuro movimento
doméstico para mostrar peças de cerâmica que fabrica, além de ministrar
oficinas. O cardápio, ela ainda não definiu. “Só sei que meu feijão
tropeiro não pode faltar.”

www.sebrae.com.br • Sebrae

www.turismo.gov.br • Ministério do Turismo

www.fbb.org.br • Fundação Banco do Brasil

www.turismosolidario.mg.gov.br • Turismo Solidário