Conexão Social – Foi dada a largada

Ações regionais vão construir bases para Conferência nacional de comunicação, em dezembro. Lúcia Berbert


Ações regionais vão construir bases para Conferência nacional de comunicação, em dezembro. Lúcia Berbert

Depois de mais
de 18 meses de pressão de entidades sociais, o governo marcou a data da 1ª Conferência Nacional de Comunicação, que acontecerá de 1º a 3 de dezembro, em Brasília. O objetivo é passar a limpo todo o marco regulatório do setor, lançando as bases para a sua modernização. E, de quebra, avançar na construção da Lei Geral de Comunicações de Massa do país — sonho tantas vezes tentado, mas que esbarra sempre em interesses setorias poderosos.

O deputado Walter Pinheiro (PT-BA), que até o início do ano presidiu a Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara, conta que já viu pelo menos sete versões de propostas da Lei Geral de Comunicação de Massa. Nenhuma prosperou. “A Conferência Nacional é o ambiente ideal para discutir os fundamentos dessa legislação porque se trata de uma audiência pública ampliada”, defende. O evento deverá ser funda­mentado em um debate plural e democrático, por meio da realização de conferências esta­duais e regionais preparatórias envol­vendo a sociedade civil or­ga­nizada. Depois, está previsto um encontro deliberativo nacional.

Representantes da Comissão Pró-Conferência Na­­cio­nal de Comunicação — que congrega mais de 30 entidades da sociedade civil de caráter nacional, além da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara e do Ministério Público Federal — expressam temor de que a conferência se restrinja a poucos temas e deixe de debater, em profundidade, a atualização da legislação da radiodifusão.

Gustavo Gindre, pesquisador em políticas de comunicação, integrante do Comitê Gestor da Internet no Brasil e do Intervozes — Coletivo Brasil de Comunicação Social, alerta: “As questões das novas tecnologias têm de ser discutidas, mas não se pode esquecer a radiodifusão. Meu receio é de que todo mundo fique discutindo banda larga e a radiodifusão passe batida. Afinal, a maior parte da população brasileira ainda consome rádio e televisão”.

MOVIMENTO PRÓ CONFERÊNCIA NACIONAL DE COMUNICAÇÃO

O consultor jurídico do Ministério das Comunicações, Marcelo Bechara, encarregado de elaborar a pauta central da conferência, concorda, mas em uma lógica inversa: “A ideia é que sejam debatidos todos os temas do setor, e não apenas radiodifusão”. Ele acha que a universalização da banda larga, uma meta perseguida pelo governo, terá amplo espaço no evento e os resultados dos debates servirão para nortear a elaboração de políticas públicas.

Polêmicas à parte, todos admitem que a realização da conferência é, em si, uma vitória da cidadania. A convocação e o tema central da 1ª Conferência Nacional de Comunicação serão objeto de um decreto presidencial. O grupo de trabalho que ficará encarregado da preparação, do formato e do calendário de debates regionais será definido em portaria a ser publicada pelo Ministério das Comunicações. A data escolhida coincide com a comemoração dos dois anos de implantação da TV digital no Brasil e um ano de criação da TV pública, ambas formalizadas em 2 de dezembro.