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Máquinas triplicam, mas acesso ainda é muito baixo

Censo 2010 revela que apenas 31% dos domicílios brasileiros estão conectados à internet

ARede nº 81 – junho de 2012

HÁ MAIS computadores nas casas dos brasileiros. O número de máquinas aumentou, em dez anos, mais do que três vezes. Dos cerca de 57 milhões de endereços particulares permanentes, em todo o território nacional, em quase 22 milhões (38,5%) existe pelo menos um micro. No entanto, 20% desses equipamentos – o que representa aproximadamente 4,3 milhões de residências – ainda não têm acesso à internet. Na conta final, o apenas 31% dos domicílios do país estão conectados.

Esses foram alguns dados do Censo 2010, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em abril. Foi a primeira vez, na história do Censo, que o acesso à internet foi contabilizado. É preciso considerar que o levantamento se refere à realidade do Brasil de dois anos atrás. Hoje, o cenário da inclusão digital já apresenta uma pequena melhora, por cota do Plano Nacional de Banda Larga, lançado em 2010.

Os números mostram também que a taxa de penetração dos micros nos domicílios acompanha as disparidades regionais – 48% das casas do Sudeste têm computador, contra apenas 21,2% no Nordeste. Porém, vê-se um certo equilíbrio, entre as regiões, na relação entre a posse do micro e o acesso à internet – na faixa de 68% a 82% (ver quadro abaixo).

Mas é interessante notar que o baixo índice de conexão à rede no país está muito mais atrelado à presença do micro do que pela oferta de banda larga. Os dados do IBGE apontam que só 21,2% dos domicílios do Nordeste têm microcomputadores, mas 70,1% desses estão conectados à internet. Já em São Paulo, estado com o maior número de micros em residências (48% do total do país), 84% desses equipamentos estão conectados em banda larga. Esse raciocínio só não se aplica à região Norte, onde 22,7% dos 3,9 milhões de domicílios dispõem de computador. Embora o percentual seja pouco superior ao do Nordeste, o percentual de conexão à internet é um pouco inferior, de 68%. Essa é a região do país com a oferta mais deficiente de banda larga, em cobertura e preço.

TELEFONE EM ALTA
Diferente do micro, o telefone aparece no Censo 2010 com uma grande base: 87,9% das residências tem aparelho celular ou fixo, ou ambos. E a variação entre as regiões, ao contrário do que acontece com o microcomputador, não é significativa. A menor penetração, de 77,2%, foi registrada no Nordeste, e a maior, na região Sul, 93,5%. No período de 2000 a 2010, o avanço da telefonia fixa foi pequeno, próximo a 1%. O que fez mesmo a diferença foi a massificação do celular: presente em 83,1% das casas.

A expansão da telefonia celular marca a comunicação por voz dos domicílios brasileiros. Em 2010, havia celular em 83,1% dos domicílios (desse total, 43,5% tinham também um telefone fixo) e outros 4,7% tinham apenas telefone fixo. A menor presença de telefones fixos, como era de se esperar pelas dificuldades de acesso e barreira da renda, foi identificada no Norte e no Nordeste. O número proporcional de domicílios que só tem telefone celular é equivalente, nessas regiões, ao Sul e ao Centro-Oeste. A região Sudeste, por ser a mais rica, é a que tem proporcionalmente menor número de domicílios apenas com celular: 37%. E a maior proporção de casas só com telefone fixo: 6,8%. Mas quase metade (49,3%) dos 25,2 milhões de domicílios da região tem ambos, fixo e celular.
O estado com maior percentual de casas sem telefone é o Maranhão: 37% dos 1,6 milhão de domicílios não têm nenhum tipo de comunicação de voz. É também é o estado com a menor taxa de penetração de micros nas residências: só 13,6%.

CENÁRIO EM 2011
A pesquisa TIC Domicílios de 2011, produzida pelo Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto Br (NIC.br), aponta que a quantidade de domicílios brasileiros com computador aumentou dez pontos percentuais, de 2010 para 2011, contra um crescimento de 3% de 2009 para 2010. As conexões à internet subiram um pouco mais: 11%, de 2010 para 2011, também contra 3% do período anterior. Um salto bastante expressivo, sem dúvida. Mas ainda insuficiente, se considerarmos que, mesmo com esse avanço, 55% das residências ainda não tinham computador. E 62% não tinham acesso à internet. A sexta economia do planeta aparece em 81º lugar – após cair três posições, em 2011 – no ranking mundial de usuários de internet.

A pesquisa tem como base 25 mil domicílios de 317 cidades, em áreas urbanas e rurais. Entre as principais conclusões apontadas, o país começou a registrar, de 2010 para 2011, um movimento de inversão nos tipos de conexão. Pela primeira vez, o acesso em banda larga (conexões com velocidades a partir de
256 kbps, de acordo com a União Internacional de Comunicações) ultrapassou o acesso discado. Enquanto a banda larga fixa permaneceu estável em 2011, como principal forma de acesso à internet (em 68% dos domicílios), a banda larga móvel (com modem 3G) cresceu 8 pontos percentuais (18%). O acesso discado se manteve em 10% das casas.

Outra mudança tecnológica importante: os computadores portáteis (notebooks) dispararam 16 pontos percentuais acima (estão presentes em 39% dos domicílios), enquanto os de mesa caíram 9 pontos percentuais (presentes em 79%). Na classe C, a proporção de portáteis praticamente dobrou em relação a 2010 – há pelo menos um notebook em 28% dos domicílios, nessa classe.
www.ibge.gov.br
www.nic.b

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