Conexão Social – Na Microsoft, uma rede mundial de treinamento.

O programa global Unlimited Potential doou softwares e US$ 155,5 mil, este ano, distribuídos entre a Rede Jovem, projeto de telecentros da ONG Comunitas, e as escolas de informática da Febem de São Paulo, montadas pelo CDI. Para a empresa, incluir é treinar.

O programa global Unlimited Potential doou softwares e US$ 155,5 mil,

este ano, distribuídos entre a Rede Jovem, projeto de telecentros da
ONG Comunitas, e as escolas de informática da Febem de São Paulo,
montadas pelo CDI. Para a empresa, incluir é treinar.


Cemina: rádios-telecentros
pilotados por mulheres.
A Microsoft anunciou, em março, o desembolso de US$ 155,5 mil (R$ 430
mil) para mais duas ações brasileiras de inclusão digital, por meio da
sua iniciativa mundial Unlimited  Potential (UP), lançada em 2003,
com orçamento de US$ 1 bilhão para cinco anos. Os mais recentes
indicados para receber recursos e licenças gratuitas de Windows XP e
Office foram  o Governo do Estado de São Paulo (para aplicação na
Febem-SP) e a organização não-governamental (ONG) Comunitas, que mantém
o Programa Rede Jovem, de Espaços Jovens, nas periferias de centros
urbanos (veja a página 19).

De acordo com Lisa Polloni, diretora de relações institucionais da
Microsoft Brasil, as subsidiárias da  empresa submetem projetos à
Fundação Microsoft, nos Estados Unidos, duas vezes por ano. Os
critérios de escolha para o apoio do UP incluem os seguintes
requisitos: acesso  público gratuito; não haver restrição de idade
aos usuários; gestão a cargo da própria comunidade; as instalações
devem funcionar como centros tecnológicos para a comunidade; uso 
gratuito dos recursos.

No site da matriz da empresa na internet, em inglês, há uma
descrição dos ingredientes que, por sua vez, compõem e são oferecidos
no programa UP: doações em
dinheiro e produtos, um currículo pronto para cursos de
informática  (Word, planilhas, software de apresentação, desenho
de sites e banco de dados, com cases), e o suporte à construção de uma
rede internacional ligando todos os projetos apoiados.  A parceria
com a Febem-SP prevê desembolso de US$ 70,5 mil (cerca de R$ 200 mil)
mais licenças de software para a criação de dez Escolas de Informática
e Cidadania (EICs), os centros de  treinamento em informática da
ONG Comitê para Democratização da Informática (CDI). Com isso, passa
para 21 o total dessas escolas em instalações da Febem-SP. Pela
primeira vez nas ações do CDI  com a Febem, será formado um
educador-aprendiz escolhido entre os internos. E também está em
avaliação a possibilidade de conexão à internet. A  Febem-SP
atende a 18 mil jovens, entre 12 e 18 anos. E as 21 EICs, segundo a
Microsoft, poderão alcançar um total de 3 mil internos.

Na Comunitas, serão US$ 85 mil (ou R$ 230 mil),  mais software,
para custear a ampliação das atividades, oferecer treinamento online,
publicar a metodologia de trabalho e ajudar no gerenciamento dos 52
telecentros da  Rede Jovem. Cada Espaço Jovem atende, em média, a
50 pessoas por dia.

Sampa.org e Bradesco

Em 2004, já receberam apoio do programa Unlimited Potential a ONG
Cemina-Comunicação, Educação e Informação em Gênero, que pretende 
construir, em parceria com o sampa.org, 18 unidades combinando rádios
comunitárias e telecentros, no Centro-Oeste, no Norte e Nordeste; e a
Fundação Bradesco, para criação de 15 Centros  de Inclusão Digital
(CIDs).

O contrato com a Cemina garantiu US$ 50 mil mais licenças de software.
E os telecentros devem estar prontos até o fim do ano, para 
atender a 12 milpessoas por ano. Já o projeto da Fundação Bradesco
envolveu US$ 150 mil, mais as licenças gratuitas. São 22 CIDs em vários
pontos do país, inclusive um na aldeia dos Javaés, na reserva
indígena  de Canuanã (em Tocantins). E o objetivo do convênio com
a Microsoft é abrir mais 20 este ano.

Além dos projetos escolhidos pelo UP, a Microsoft promove outras
doações de seus programas (principalmente  o Windows XP e Office).
Em 2004, foram US$ 2,5 milhões em software para 123 instituições. No
Brasil, a primeira parceria data de 1999, com o CDI. Foram US$ 450 mil,
para 117  EICs, que já somam 962 unidades na América Latina,
África, Japão (no Brasil, 790, das quais apenas 34% com conexão em
banda larga à internet, segundo entrevista de seu diretor-executivo,
Rodrigo Baggio, à Rets-Revista do Terceiro Setor, em 18 de março de
2005).


Mais 18 unidades para a Cemina, em parceria com o Sampa.org.

A Microsoft divide seus programas sociais em duas áreas: uma dedicada à
educação, que prioriza crianças com até 12 anos; e outra dirigida a
projetos que trabalhem com o cidadão que está à margem de qualquer tipo
de acesso à tecnologia – sem trabalho, sem escola, sem renda. O
conceito de inclusão para a empresa, explica Lisa, “se baseia no
entendimento do software como agente de transformação: seja para tirar
um número de RG, mandar um e-mail, fazer um projeto”.

Segundo Lisa, em um país pobre como o Brasil, as iniciativas capazes de
resgatar parte da grande  demanda social não deveriam sofrer
restrições devido ao embate entre plataformas livres e proprietárias.
Mas a disputa existe e está sendo  travada dentro e fora do
governo, basicamente entre o sistemas operacionais Windows, de um lado,
e o Linux.

O diretor-executivo da ONG sampa.org, Maurício Falavigna, explica que o
apoio dado pela Microsoft não obriga a instalação das suas plataformas
de  software nas rádio- telecentros. “Apenas, as licenças estão
disponíveis, caso sejam necessárias”, diz ele. Das duas primeiras
unidades novas da Cemina, em fase final de capacitação de
pessoal,  uma funciona integralmente com Windows, e outra tem
máquinas rodando Linux e Windows.

Aberto ou fechado?
A rádio-telecentro de plataforma proprietária fica em São Gonçalo (RJ),
na Baixada Fluminense, em um telecentro montado pela  Fundação
Banco do Brasil, que mantém o programa Estações Digitais (com 70
pontos). Mesmo assim, o sampa.org instalou e está treinando o pessoal
no uso do OpenOffice (aplicativo aberto, para Linux). A  outra
rádio fica em Friburgo, na região serrana do Estado do Rio, e recebeu
micros doados pelo Banco do Brasil, a maioria deles com Linux.

Em maio, mais três pontos da Cemina começaram a ser preparados – em
Solidão (PE), Palmares (PE) e Campestre (AL). “A plataforma que vamos
usar depende da estrutura de gente capacitada  no local, das
ferramentas já conhecidas na comunidade, dos projetos que serão
desenvolvidos no lugar”, esclarece Falavigna.