Uma réplica do 14 Bis, um
robô-bombeiro e óculos equipados com sonar foram apresentados em feira
realizada pelo MCT, em Brasília, com o objetivo de popularizar a
ciência.
Fernando Couto
Uma chuva torrencial, que bateu recordes históricos em Brasília, não
intimidou as milhares de crianças e jovens que agitaram a Esplanada dos
Ministérios, de 16 a 23 de outubro. Durante essa semana, estudantes,
professores e turistas visitaram a Feira da III Semana Nacional de
Ciência e Tecnologia, realizada pelo Ministério da Ciência e
Tecnologia. O ponto alto do evento foi o vôo, dia 22 de outubro, de uma
cópia perfeita do 14 Bis. A réplica do aparelho inventado por Santos
Dumont voou 450 metros de distância, a quatro metros de altura.
Durante toda a semana, um batalhão de monitores se revezou para atender
cerca de 60 mil visitantes, numa maratona de atrações que incluíram
filmes, peças de teatro, simulações, demonstrações de aparelhos e
fenômenos científicos, exposições de arte temáticas e oficinas
operacionais, em Brasília e em 350 municípios. E cerca de mil
instituições científicas e tecnológicas divulgaram seus projetos na
feira, segundo Ildeu Moreira, diretor de popularização da ciência e
tecnologia do MCT. O tema deste ano foi “Criatividade & Inovação”,
em homenagem ao centenário do primeiro avião do mundo.
Atração que fez sucesso foi um protótipo de um pequeno tanque sobre
lagartas, com um canhão calibre 200 mm. Em lugar de granadas, o veículo
dispara 4.200 litros de água por minuto, guiado por controle remoto,
enfrentando sem problemas as concentrações de fumaça em grandes
incêndios, desmoronamentos e até explosões. O robô-bombeiro Saci 2
(Sistema de Apoio ao Combate de Incidentes), como foi batizado, foi
concebido, projetado e montado pelos alunos da Universidade de
Fortaleza (Unifor), em parceria com a empresa Armtec — Tecnologia em
Robótica, sua incubada. Ganhador dos três principais prêmios de
tecnologia do país — Finep, Petrobrás e CNI —, está sendo vendido para
o Corpo de Bombeiros do Ceará e despertou interesse do Corpo de
Bombeiros de Brasília e de autoridades de Chicago (Estados Unidos).
Entre as demonstrações na área de física destacou-se o projeto do
óculos-sonar, para deficientes visuais, criado por quatro estudantes de
17 e 18 anos que participam do programa Robótica com Sucata,
desenvolvido no laboratório de informática do Centro de Ensino Médio 01
de Sobradinho. O protótipo tem um sensor sonar — tipo de radar acústico
— que emite ondas ultra-sônicas, um micro controlador BS-1, que calcula
a distância entre os objetos no entorno, e um micro alto-falante que
gera um bip, alertando o deficiente visual sobre possíveis obstáculos à sua frente. Exatamente como fazem os submarinos.
Para a coordenadora da Feira, Mônica Menkes, o objetivo do evento foi
possibilitar que os alunos dos níveis fundamental e médio vissem o que
está sendo produzido ou desenvolvido nas instituições de pesquisa,
ciência e tecnologia do país: “E, quem sabe, trazer mais jovens para se
interessar por essas áreas”.
