Conexão Social – ONG avalia impacto dos projetos

Telecentre.org vai medir os impactos sociais dos telecentros brasileiros, em pesquisa financiada pela Fundação Gates.


Telecentre.org vai medir os impactos sociais dos telecentros brasileiros, em pesquisa financiada pela Fundação Gates.


A ONG internacional Telecentre.org vai iniciar, em fevereiro, uma
pesquisa no Brasil para medir o impacto dos telecentros nas comunidades
atendidas. Florencio Ceballos, gerente de programas da entidade, esteve
no país, em setembro, para participar do Fórum Internacional de
Inclusão Digital Sustentável, promovido pela Fundação Bradesco, pela
AMD, pela Agência Eletrônica, e pela própria Telecentre.org, em São
Paulo. Segundo Florencio, a pesquisa será financiada pela Fundação
Gates (de Bill Gates, executivo da Microsoft) e vai se estender a cinco
países (Chile, Brasil, Índia, Lituânia, e África do Sul), durante cinco
anos.

“O que nos interessa é reunir evidências mais sólidas com relação ao
impacto dos projetos. Se é uma iniciativa orientada ao emprego, vamos
descobrir como saber se gerou trabalho; se é de educação não-formal, se
gerou melhor nivel de educação”, explica. “Interessa-nos desenvolver
metodologias de pesquisa para medir esses impactos”. A Tele­centre.org
reúne organizações dedicadas a apoiar redes de telecentros em todo o
mundo. A entidade é financiada pela Microsoft, pelo International
Development Research Centre (IDRC), do Canadá, e pela Agência para
Desenvolvimento e Cooperação da Suíça (SDC).

Segundo Florencio, não há dados confiáveis sobre o total de telecentros
no mundo, mas estimativas que variam entre 150 mil a 250 mil. “E
esperamos mais 200 mil, nos próximos três a cinco anos, principalmente
em regiões como Turquia, Indonésia, leste europeu. Só a Índia tem 25
mil telecentros, e quer chegar a 120 mil em 2008.” Mesmo nos países
ricos, ele lembra que o acesso a 100% da população não existe. O Canadá
mantém entre 4 mil e 5 mil telecentros, número similar ao dos EUA.

Ainda pelos cálculos da entidade, o México tem 15 mil telecentros; o
Chile, 800; a Colômbia quer passar dos atuais 1,5 mil para 14 mil
unidades, em três anos; a Bolívia quer mil telecentros em dois anos.
“As maiores redes da América Latina são governamentais e deixam pouco
espaco para as comunidades empreendedoras”, critica o representante da
Telecentre.org, entidade, que, no momento, apóia programas na Colômbia,
Peru, Chile e Caribe. Para Florencio, a sobrevivência das redes depende
da identificação de seus resultados e da qualificação de suas
atividades. “Hoje, o que estão fazendo nos telecentros? Em 90% dos
casos, chat, MSN, Skype, Orkut, dois ou três trâmites de e-gov, subindo
fotos de celulares. Mas, se são essas as funções de um telecentro, em
breve, um celular vai prestar mais serviços.” Ele identifica três
ameaças aos telecentros: celulares, cibercafés e informática
domiciliar. Por isso, insiste na criatividade dos projetos. “Nas
Filipinas, desenvolvem serviços que são entregues por celular; no
Chile, dão suporte domiciliar; na Guatemala, fizeram aliança com os
cibercafés; em Santiago, no Chile, transmistem as reuniões dos
conselhos comunais.”

Apesar da subvenção da Microsoft, Florencio garante que a
Telecentre.org não privilegia os softwares da empresa. “A entidade tem
um posição de neutralidade tecnológica. Esse dogmatismo, se o sistema é
proprietário ou livre, é passado. Temos que nos preocupar em chegar ao
150 milhões de usuários que estão excluídos da tecnologia no mundo”.