Conexão Social – Sem boi na linha

O projeto Agrolivre da Embrapa completa dois anos, distribui cada vez mais softwares livres Brasil afora e firma-se como uma opção para o pequeno pecuarista melhorar o dia-a-dia de sua propriedade.


O projeto Agrolivre da Embrapa
completa dois anos, distribui cada vez mais softwares livres Brasil
afora e firma-se como uma opção para o pequeno pecuarista melhorar o
dia-a-dia de sua propriedade.
Lino Bocchini


O cearense Carlos Torres é gente que faz. Não bastasse acumular dois
empregos (bancário e professor de matemática), Torres, 42 anos, ainda
estuda informática e ovinocultura, a criação de ovelhas. E, sem ganhar
nenhuma remuneração, ainda encontra tempo para usar seu conhecimento
criando uma nova versão do Lactus, software de maior sucesso do projeto Agrolivre (www.agrolivre.gov.br),
da Embrapa. “O programa foi feito para gerenciar gado leiteiro. Mas,
junto com um amigo criador, estou adaptando a ferramenta para o que
temos aqui na região, a criação de ovinos e caprinos”, conta o
professor.

Lactus é o programa de maior sucesso em dois anos de Agrolivre – Rede de Software Livre para Agropecuária –, iniciativa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para desenvolver e distribuir softwares
livres que atendam às mais variadas necessidades do setor agropecuário
brasileiro. Na prática, isso significa que qualquer criador, seja o
dono de 20 ovelhas no interior de Pernambuco, seja o proprietário de
uma enorme fazenda de gado no Mato Grosso, pode fazer o download gratuito dos programas e, muito importante, ajudar a aperfeiçoá-los.

“A idéia surgiu quando percebemos que vários softwares da
Embrapa, muitos deles de consumo interno, interessavam a governos,
universidades, produtores rurais e OnGs”, conta Kleber Xavier Sampaio
de Souza, chefe de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa Informática
Agropecuária. “Havia também o desejo de implantar um modelo
colaborativo de desenvolvimento de softwares”, explica.

A iniciativa é vital para a própria Embrapa. A empresa interligou,
através do Agrolivre, os esforços de cada uma de suas 40 unidades de
pesquisa, em prol das melhorias dos softwares
livres. Em pouco tempo, toda a estrutura da estatal estará operando
apenas com esses programas. Para se ter uma idéia, uma única licença de
um software americano custava US$ 25 mil à Embrapa por mês, e agora isso é passado.


Apoio de Petrolina

Como é praxe nas iniciativas de software livre, quanto mais parceiros,
melhor para todos. E eles estão surgindo. Não é só em Fortaleza (CE)
que está sendo desenvolvida uma versão do Lactus para cabras. “Uma
empresa de Petrolina (PE) também quer modificar o software para
rebanhos caprinos”, conta Sampaio de Souza, da Embrapa. Recentemente,
também foi fechado um convênio de cooperação entre a Embrapa, a
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e a Vale Verde Assessoria
Agropecuária. “A idéia é desenvolver novas ferramentas para a pecuária
de corte e de leite, tudo com licença livre”.

Outros programas bastante procurados no banco do Agrolivre são o
HiperVisual e o HiperEditor, que constroem “árvores hiperbólicas” para
organizar conteúdos. Eles estão sendo usados, por exemplo, nos
telecentros do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior (Mdic) para gerenciar dados de indústria, legislação e
comércio exterior. A fama dos dois softwares chegou até Cuba.
“Profissionais cubanos ficaram interessados em utilizar a árvore
hiperbólica e solicitaram treinamento ao governo brasileiro”, conta o
técnico da empresa. Uma missão cubana, então, esteve na Embrapa e
conheceu os detalhes da tecnologia.

www.agrolivre.gov.br • Rede Agrolivre da Embrapa

www.embrapa.br • Embrapa