O Dia da Inclusão Digital foi
celebrado com oficinas, debates e acesso gratuito à internet em 19
estados brasileiros e outros oito países.
No terminal de ônibus da Lapa,
em São Paulo, computadores
para serem usados pelo público.
Oficialmente, 25 de março é o Dia da Inclusão Digital, mas, neste ano,
a comemoração se estendeu por vários dias em diversos pontos do país.
Em São Paulo, o Comitê para a Democratização da Informática (CDI)
promoveu a Semana da Inclusão Digital, que começou no dia 20 com um
apertado cronograma de oficinas e debates. O principal aconteceu no dia
24, com o tema “O Acesso às Tecnologias Transformando Vidas e
Comunidades”. Mas o assunto predominante foi mesmo a questão da
sustentabilidade dos programas de inclusão digital.
A mesa do debate foi composta pelo diretor-executivo do CDI, Rodrigo
Baggio, pela diretora editorial de ARede, Lia Ribeiro Dias, pela
vereadora Soninha Francine, pelo professor Nicolau Reinhard, da
Universidade de São Paulo (USP), e pelo diretor de responsabilidade
corporativa da Hewlett Packard (HP), Juarez Zortea.
“Ninguém faz negócios para perder dinheiro”, disse Juarez na abertura.
“Só empresas lucrativas podem investir em ações sociais, que têm de ser
viáveis economicamente.” Lia acrescentou que é preciso haver uma fonte
de recursos públicos aliada aos programas sociais da iniciativa
privada. E frisou: “Os projetos mais bem-sucedidos não são os mais
ricos – são os de maior inserção na comunidade.”
Lia discorreu também sobre a demora de liberação dos recursos do Fundo
de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust). “A
controvérsia da legislação engessa as licitações, porque dá margem a
recursos. As redes de telecentros precisam se unir para pressionar o
governo pela mudança da Lei.”
Passageiros de todas as
idades experimentam o
computador, auxiliados
por monitores.
Baggio, do CDI, lembrou que a campanha Frente FustJá! está preparando
uma contaminação pelo que chama de ‘vírus do bem’: um e-mail padrão de
apelo pró-Fust que pode ser enviado por qualquer cidadão ao ministro
das Comunicações, Hélio Costa. Baggio destacou, ainda, a
necessidade de criação de um conselho gestor multi-setorial para o
Fust, com representantes do governo, da iniciativa privada e de
entidades de defesa do cidadão.
O professor Reinhart, da USP, propôs uma mudança de perspectiva: os
telecentros não devem ser ‘implementados’ (um conceito de engenharia)
nas comunidades, mas ‘hospedados’ nelas. “Um hóspede não se instala
simplesmente. É um estranho que respeita as regras do anfitrião, mas
cuja presença sempre provoca, de alguma forma, mudanças de hábito e
reflexão.”
A vereadora Soninha, por sua vez, ressaltou que a inclusão digital é um
meio, não um fim. Um meio de se transformar a sociedade, um meio de
engajamento social. No fim do debate, ela distribuiu adesivos com a
frase: “A gente tem mais liberdade e poder do que USA.”
Do Sul ao Nordeste
No Rio de Janeiro, a concessionária de transportes SuperVia e o
Proderj, centro estadual de tecnologia da informação, comemoraram o Dia
da Inclusão Digital na estação Central do Brasil, com um quiosque de 15
computadores conectados à internet.
Espaços parecidos foram montados pelo CDI em locais de grande
circulação de outras capitais brasileiras, como Florianópois (Shopping
Beiramar), Salvador (Shopping Piedade) e Belo Horizonte (Praça Sete).
www.mc.gov.br/fust • Legislação sobre o Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (FUST)
www.supervia.com.br • SuperVia
www.proderj.rj.gov.br • Proderj