A Rits oferece hospedagem de sites, de servidores, e serviços de e-mail
a preços inferiores aos do mercado. Agora, negocia com operadoras de
VoIP para levar a telefonia via internet ao terceiro setor.
Para as entidades da sociedade civil, estar na internet tornou-se
essencial. A Rede de Informações para o Terceiro Setor (Rits) foi
criada, exatamente, para auxiliá-las a disseminar e gerar informações
por meio das tecnologias da informação e comunicação. Além de
desenvolver projetos sociais, a Rits é uma provedora de
serviços web (hospedagem de sites, de servidores, serviços de e-mail)
que, no entanto, cobra preços inferiores aos do mercado para atender às
organizações sem fins lucrativos. A partir deste mês, seus planos de
serviço foram ampliados e uma opção mais enxuta de pacote permite
hospedar um website por R$ 7,90 por mês. A Rits também começou a
negociar com operadoras de voz sobre IP (VoIP), para oferecer telefonia
pela internet, até o final do ano, em condições mais favoráveis.
Sala de Contingência 2, piso elevado, cage e geradores
“Identificamos que os altos custos pagos pelas entidades sociais para
estar na internet – sediar suas páginas, manter listas de discussão,
entre outras ações – inviabilizava, em muitos casos, os seus projetos”,
conta Rodrigo Afonso, gerente de TI da Rits. “Ao mesmo tempo”,
continua, “entendemos que estar na rede é essencial”. Primeiro, porque,
diz ele, “é um lugar livre para divulgar opiniões e informações, o que
não pode ser feito na grande mídia”. Outras razões incluem a
necessidade de trocar experiências, numa comunicação segura. “Por
exemplo, instalamos uma rede Wi-Fi para comunidades ribeirinhas da
Amazônia. E um dos objetivos era que as pessoas pudessem denunciar
ações irregulares de madeireiros, sem medo de terem seus telefones
grampeados e sofrerem represálias”, afirma.
A Rits tem, atualmente, mais de 350 entidades associadas, do Brasil e
do exterior, para os quais mantêm cerca de mil sites hospedados, mais
de 10 mil contas de e-mail,e cerca de 400 listas de discussão. Entre os
usuários estão a Associação Brasileira das ONGs (Abong), a Fase, o Viva
Rio, a Central Única das Favelas (Cufa), a DH Net (Direitos Humanos na
Net), o projeto IBM Comunidades, a APC (Association for Progressive
Communications), etc. A Abong, sozinha, possui uma lista de discussão
com 150 mil participantes. Os preços reduzidos são possíveis graças ao
volume de usuários atendidos pela entidade. A revisão nos planos de
serviços, feita em julho, também traz economia para quem excedia os
limites contratados. Houve um aumento de franquia que deve representar,
pelos cálculos de Rodrigo, uma redução de custos da ordem de 20%.
A infra-estrutura da Rits inclui 60 servidores de alta performance, que
ficam instalados no datacenter da Alog, empresa do Rio de Janeiro,
equipada com controle de acesso às salas, equipamentos contra incêndio,
energia estabilizada e redundante, climatização, e canal para conexão à
internet com capacidade para transmitir até 1 Gigabit por segundo
(Gbps) em dados. De acordo com Rodrigo, os pacotes preferidos das ONGs
são o Pacote Padrão e o Light, para hospedagem de sites. Por R$
300,00/ano, o Padrão inclui o equivalente a dois contratos do tipo
Website 1 – que prevê 300 Mb de espaço em disco, 6 Gb em dados
transferidos por mês, cinco domínios e dez caixas de e-mail (com 250 Mb
cada). Além disso, o contrato anual oferece outras 50 contas de e-mail,
duas listas de discussão para até 200 pessoas e 50 domínios (ou
endereços na web). No Pacote Light, a entidade terá os serviços
previstos no Website 1, mais 25 contas de e-mail, uma lista de
discussão e 25 domínios, pagando R$ 150,00/ano. Os dois pacotes podem
ser divididos em três parcelas.
Se, no entanto, os serviços desejados excederem esse total ou
envolverem uma demanda temporária, a Rits oferece opções para pagamento
mensal. A hospedagem de site em versão mais enxuta – Website 0 – sai
25,3% mais barato para entidades sem fins lucrativos, do que para
empresas ou pessoas físicas: de R$ 9,90 por R$ 7,90 mensais. No plano
mais caro – o Website 4 –, esse desconto chega a 98%: de R$ 150,00 por
R$ 80,00. O Website 0 provê 100 Mb de espaço em disco, 1 Gb para
transferência de dados, três domínios e cinco caixas de e-mail.
Recursos que vão aumentando gradativamente (Website 1, 2, 3, 4), até 5
Gb e 50 Gb, respectivamente para espaço em disco e limite para
transferência, cinco domínios e 50 caixas de e-mail.
Sede da Rits
Além da hospedagem de páginas web, é possível deixar por conta da Rits
o próprio servidor, computador ao qual ficará conectada a rede da
entidade. Uma alternativa é levar o equipamento para o datacenter e
contratar os seus serviços de firewall, backup e monitoramento 24
horas, sete dias por semana. Ou, então, contratar um servidor virtual –
usar um servidor da Rits, de forma exclusiva ou compartilhada com
outros usuários. Há muitas possibilidades de configurações, e os
sistemas podem rodar Linux ou Windows. Se a máquina for da entidade
usuária, a mensalidade varia de R$ 290,00 a R$ 440,00, dependendo do
espaço que vai ocupar nos grandes armários de aço feitos para
guardá-la. Já um servidor virtual custa, por mês, de R$ 350,00 a R$ 2,1
mil. Os pacotes de correio eletrônico, de 20 a mil contas, variam de R$
30,00 a R$ 1,3 mil/mês.
O próximo passo, adianta Rodrigo, é criar uma grande rede de voz sobre
IP. “A idéia é reunir várias associadas e fazer um único contrato com
operadoras de VoIP. O cliente seria a própria Rits, que, graças à
escala ou ao volume de usuários, poderia oferecer o serviço para até
uma única pessoa ou entidades de pequeno porte, pelo mesmo preço
favorecido”, explica o gerente de TI.
A equipe da Rits começou a prover serviços internet ainda na extinta
Alternex, projeto do Ibase (ONG fundada pelo sociólogo Herbert de
Souza, o Betinho), que fez a primeira conexão à internet fora da rede
acadêmica, em 1992 (para o evento ECO 92, no Rio). Além de entidades
sociais, a Rits atende a 40 outros clientes, entre empresas e pessoas
físicas.
A receita obtida pela Rits na prestação de serviços de internet
financia diversos projetos sociais da entidade. Com a Fundação Kellogg,
dá capacitação continuada a gestores de entidades nas regiões Norte e
Nordeste, usando tecnologias de treinamento a distância. Também em
estados nordestinos (Bahia, Pernambuco e Paraíba), desenvolve uma
iniciativa de apropriação das TIC, envolvendo 40 entidades civis, com
apoio da IBM e da Inter-American Foundation.
No projeto Saúde e Alegria, que abrange cerca de 140 comunidades
ribeirinhas dos rios Tapajós e Arapiuns, a Rits colabora com a
construção de uma rede de dados. Dois telecentros já foram abertos na
área (com antenas Gesac) e uma unidade Casa Brasil está instalada no
município de Beleterra. Além disso, uma experiência piloto conectou à
internet, via Wi-Fi (tecnologia sem fio), três comunidades amazônicas.
A Rits é co-responsável, ainda, pela implantação de 50 Casas Brasil, em
parceria com o ITI e a Petrobras. E mantém, junto com a ONG Coletivo
Digital, o Projeto Sacix, que inclui um sistema de gestão de
telecentros (SGT), de código aberto.
www.rits.org.br
Um portal sobre segurança
O Viva Rio lança, dia 9 de agosto, o portal Comunidade Segura, misto de
provedor de conteúdo e ambiente para troca de informações e pesquisa. O
tema do site é segurança cidadã, conceito que envolve três principais
focos de abordagem: segurança pública, controle de armas, e juventude e
violência armada.
Além de uma redação com seis jornalistas, que vai desenvolver análises
sobre a questão da segurança, o portal pretende reunir em rede
instituições interessadas em discutir e apontar propostas sobre o tema,
criando fóruns ou subgrupos para trabalho conjunto. De acordo com Mayra
Jucá, coordenadora do portal, inicialmente, serão 15 instituições
parceiras, do Brasil e de outros países. O portal é trilíngüe
(português, espanhol e inglês), com ênfase nas políticas públicas e
ações desenvolvidas na América Latina e no Caribe.
Convênio com a União Européia, por meio da Secretaria Especial de
Direitos Humanos, apóia, dentro do portal, a construção de uma
biblioteca virtual sobre segurança pública e direitos humanos. O acervo
estará catalogado por palavra-chave, autor, país, tipo de documento,
ano, instituição, etc. Sempre que possível, serão publicados os links
para as fontes originais dos conteúdos. Até meados de julho, já haviam
sido inseridos materiais da maior parte dos centros de pesquisa e
universidades do Rio de Janeiro – UFRJ, Uerj, Iuperj, PUC-RJ, etc.
Além dos novos usuários, estão migrando para o portal dois outros sites
mantidos pelo Viva Rio – o www.desarme.org e o www.coav.org.br (sobre
crianças e violência armada organizada). São, atualmente, de 10 mil a
15 mil usuários cativos em cada um deles. Para a infra-estrutura
tecnológica, o Viva Rio contratou a hospedagem de servidor dedicado em
Linux da Rits (R$ 1.150,00 por mês), e está utilizando a ferramenta
Drupal, com módulos de newsletter, de cadastro de usuários, de galeria
de fotos, de agenda eletrônica, de tradução de páginas, entre outros. O
layout e a aplicação estão por conta de uma empresa do Rio, a Ability.