Batizado XO, os computadores
educacionais serão entregues a alunos de quatro ou cinco escolas, em
cidades com boa infra-estrutura de banda larga, como Ouro Preto e
Tiradentes, em Minas, e Piraí, no Rio de Janeiro.
Luiz Inácio Lula da Silva
com o computador
entregue por NegroponteConvencidos, pela experiência de outros países, de que o teste com os
computadores educacionais deveria ser realizado com todos os alunos da
escola e não apenas em algumas turnas, os especialistas brasileiros que
participaram da reunião dos vice-ministros de educação, em Washington
(EUA), em outubro, decidiram rever o critério para a experiência piloto
no país. No início de dezembro, o MEC, que já havia selecionado sete
escolas para o teste de campo, estava revendo a amostra dentro do novo
conceito. Apesar de ainda não estarem definidas, serão escolas menores,
nas mesmas cidades já selecionadas. “São cidades que contam com boa
infra-estrutura de banda larga, cobrindo toda a área urbana”, conta
José Luiz Aquino, da assessoria especial da Presidência da República.
Entre elas, estão Ouro Preto e Tiradentes (MG), e Piraí (RJ), que têm o
sinal da conexão sem fio aberto a todos.
Para a experiência piloto, o governo vai contar com mil unidades do XO, fornecidas pelo projeto OLPC (One laptop per Child),
presidido pelo pesquisador Nicholas Negroponte, que capitaneou a
iniciativa no Massachusetts Institute of Technology (MIT). Além do XO,
também serão testadas 800 unidades do Classmate, a solução educacional
criada pela Intel.
Apesar de o presidente Lula ter sido o primeiro, entre os presidentes
dos cinco países onde a OLPC fará projetos piloto, a receber um XO, o
Brasil ainda não assumiu compromisso de compra. “Temos interesse, mas
vamos testar primeiro”, diz Aquino. Negroponte entregou o computador a
Lula, no dia 24 de novembro, em São Paulo. O próximo a receber uma
unidade seria Néstor Kirchner, presidente da Argentina.
Paralelamente, a OLPC enviou ao Brasil, em novembro, 50 unidades
destinadas aos institutos de pesquisa que vão desenvolver aplicativos
para o computador, cujo sistema operacional é um GNU-Linux. A OLPC
também escolheu o Brasil para a fabricação dos servidores para as
escolas, para o mercado mundial, num total estimado de 50 mil unidades
no primeiro ano. Segundo Aquino, será aberta uma licitação. Mas
Negroponte já mencionou a Positivo e a Semp Toshiba como
prováveis fabricantes. O XO será produzido pela Quanta, de Taiwan.
Depois que o projeto de Negroponte avançou — além do Brasil, Nigéria,
China, Argentina, Egito e Tailândia mostraram interesse em adotá-lo —,
alguns fabricantes investiram para oferecer, aos países em
desenvolvimento, uma opção mais barata de computador. A Intel produziu
o Classmate. As 800 unidades que a empresa cederá ao governo para teste
serão fabricadas pela Positivo e pela CCE.
As diferenças entre o computador do MIT e o da Intel estão no conceito,
no preço — o XO custa US$ 140 e o da Intel, US$ 400 —, na configuração,
na conexão e no público-alvo. O laptop da Intel roda Windows ou Linux — o XO optou apenas pelo software
livre. A solução do MIT visa a inclusão digital de crianças carentes e,
por isso, é voltada a países pobres. À Intel interessam também as
escolas particulares. E, enquanto o Classmate usa a conexão tradicional
de qualquer PC, o XO tem uma placa de rede no conceito Mesh, que não só
recebe e transmite, mas retransmite sinais. O que requer uma
infra-estrutura de rede muito mais leve. E isso faz toda a diferença.