Um repositório internacional de objetos de aprendizagem e indicadores de qualidade e de impacto para avaliar os conteúdos.
Além do Portal do Professor, que entra no ar no segundo semestre, o Ministério da Educação (MEC) quer estruturar, na internet, um grande banco de conteúdos internacionais — o Banco Internacional de Objetos Educacionais — e seu espelho nacional. Nesse projeto, uma equipe de 50 pesquisadores e 150 estudantes bolsistas busca todo o material livre disponível. E o ministério está firmando acordos com entidades públicas, do terceiro setor ou privadas, como a Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI) ou a Telefônica, para uso recíproco de conteúdo desenvolvido pelas partes.
Segundo Carmem Prata, coordenadora do projeto na Secretaria de Educação a Distância (Seed) do MEC, os melhores conteúdos serão traduzidos e, junto com aqueles em língua portuguesa, exportados para o Portal do Professor, no qual o banco internacional estará acessível para educadores e alunos do ensino fundamental e médio. Fazem parte da equipe pesquisadores da UnB, da Unesp Presidente Prudente, da UFCE, UFRJ, UFF e UFScar. Além de alguns Cefets, em fase de conclusão de convênio.
O Banco Internacional é também uma contrapartida brasileira no âmbito do projeto Rede de Portais Ibero-Americanos (Relpe), que articula ministérios da Educação para reunir conteúdos educativos em um repositório internacional (em português e espanhol). A meta é oferecer cem objetos por ano, conta Márcia Padilha, coordenadora do Instituto para o Desenvolvimento e para a Inovação Educacional (Idie), lançado no Brasil, em março, pela OEI, em parceria com a Fundação Telefónica da Espanha.
Segundo Márcia, um dos focos do Idie é a construção de indicadores de políticas públicas e de diretrizes para o êxito de ações que envolvam o uso de TICs na educação. Será construído um mapa da oferta e demanda de materiais educativos em mídia digital, numa parceria com a Relpe e com o EducaRede da Espanha. Duas outras tarefas do instituto são definir indicadores de qualidade para avaliação dos conteúdos digitais e pesquisar como o uso da tecnologia impacta a qualidade da educação. “No caso do mapa, vamos ver o que existe, o que os educadores querem e precisam; localizar os conteúdos mais sofisticados”, afirma Márcia.
Ela ressalta que os conteúdos seguem padrões tecnológicos que garantam a reutilização. Assim, é dada “preferência” às plataformas abertas e ao software livre. “Não há problemas em trabalhar com programas proprietários, mas é importante buscar a circulação livre dos conteúdos.”
Diante da dificuldade em isolar os inúmeros elementos que atuam na aprendizagem (inclusive fora da escola), medir o impacto tecnológico na educação é quase impossível. O Idie vai partir do Manual de Lisboa, publicado pela Rede de Indicadores de Ciência e Tecnologia Ibero Americana e Interamericana (Ricyt). O Manual traz parâmetros para a aplicação em países em fase de transição para a Sociedade da Informação. “Fazer isso na área da educação é trabalho longo e sem prazo de conclusão”, avisa Márcia. Todos os documentos produzidos pelo Idie, bem como o material de referência para seminários, serão publicados no site. Para iniciar os trabalhos, o Idie realizará o seminário internacional “TICs na educação: caminhos para a qualidade”, ainda sem data prevista.