Conteúdo – Televisão para doutores e pacientes

Televisão para doutores e pacientes

Projeto usa a tv para capacitar trabalhadores de hospitais e AMAs de São Paulo e levar informação à população
Anamarcia Vainsencher

ARede nº 86 – novembro de 2012

A REDE PÚBLICA de saúde da capital paulista é a maior do país. São 920 estabelecimentos, entre Unidades Básicas de Saúde (UBSs), unidades de Assistência Médica Ambulatorial (AMAs), Ambulatórios de Especialidades, laboratórios, hospitais e prontos-socorros. Essa estrutura atende a 1,2 milhão de usuários por mês e, para tudo funcionar, são necessários mais de 80 mil profissionais. Com números superlativos como estes, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de São Paulo precisa ser criativa para encontrar maneiras de capacitar e se comunicar com colaboradores e população.

Foi a partir de debates, reuniões e busca por ferramentas ágeis que surgiu a ideia de criar a Rede São Paulo Saudável, um conjunto de canais de TV transmitidos via satélite a cada unidade de saúde da cidade. Essa rede foi criada com três grandes objetivos: transmitir conteú-
do educativo para os usuários das unidades de saúde que aguardam pelo atendimento; contribuir para a formação e aprimoramento dos trabalhadores da saúde; e comunicar estratégias e decisões da SMS a todas as unidades de forma simples, rápida e eficiente.

Em operação desde 2008, foi a partir de 2010 que o projeto ganhou força. De acordo com Laura Aparecida Christiano Santucci, coordenadora da iniciativa e diretora da Escola Municipal de Saúde da SMS, “a implementação ganhou novo impulso ao se tornar uma estratégia de gestão e capacitação do público-alvo”. Até junho de 2012, a prefeitura de São Paulo havia investido R$ 30 milhões na Rede São Paulo Saudável.

Para Laura, que apresentou o projeto no 9º Congresso Regional de Informação em Ciências da Saúde, em outubro de 2012, em Washington (EUA), um dos pontos mais importantes foi construir uma ferramenta para “capilarizar e melhorar a qualidade profissional” dos trabalhadores de saúde da cidade. No começo, o projeto não foi bem recebido por haver preconceito em relação ao Ensino a Distância. “Assistir a aulas a distancia é muito mais difícil do que presencialmente. Não foi uma estratégia fácil de implementar, tivemos de atrair nosso público”, diz. Até junho de 2012, o canal veiculou orientações estratégicas, comunicados, promoveu programas, cursos, palestras e debates sobre educação em saúde, ambiente e cidadania.

Na avaliação dos responsáveis pelo projeto, o desenvolvimento cada vez mais rápido de Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) vem modificando e introduzindo novas formas de pensar os processos de trabalho. A escolha do meio televisão partiu do pressuposto de que a comunicação audiovisual, em especial a TV, é a maneira mais veloz para difundir informações em tempo real e para todo o público-alvo, em uma linguagem coloquial e simples.

Um conselho editorial dá direcionamento ao conteúdo produzido. Esse conselho é formado pelos coordenadores da Assessoria Técnica de Tecnologia da Informação e do Núcleo de Programas Estratégicos; pelo diretor da Escola Municipal de Saúde; por um representante de cada coordenação (Atenção Básica, Apoio ao Desenvolvimento da Gerência Hospitalar, Epidemiologia e Informação, Vigilância em Saúde, Sistema Municipal de Regulação, Controle, Avaliação e Auditoria); por um representante do Programa Municipal DST/AIDS, da Assessoria de Comunicação e Imprensa, da Autarquia Hospitalar Municipal, e do Hospital do Servidor Público Municipal.

Para produzir o conteúdo veiculado, foram montados dois estúdios completos de geração de TV e um sistema de transmissão fechado de vídeo digital em alta definição via satélite. Até junho de 2012, havia cerca de mil pontos de recepção em todas as unidades de saúde da rede paulistana. A gestão da rede de TV é feita pela Assessoria Técnica de Tecnologia da Informação da SMS. A empresa SpeedCast foi contratada para operar o sistema, fornecer o segmento espacial, instalar os equipamentos nas unidades e fazer a manutenção. A programação é elaborada pelo Núcleo de Programas Estratégicos e pela Coordenação de Gestão de Pessoas da Escola Municipal de Saúde da SMS.

A Rede São Paulo Saudável tem três canais. O Canal Cidadão vai ao ar nas salas de espera das unidades de saúde e seus programas têm cunho informativo, educativo e institucional. O Canal Profissional é voltado para os colaboradores, trazendo ferramentas de Educação a Distância. Funciona nas salas de reuniões ou das gerências das unidades de saúde. Até junho de 2012, esse canal, que atende as necessidades e demandas apontadas pelos profissionais e áreas técnicas da SMS, transmitiu 360 produções, entre programas (300), aulas (43) e cursos (17). O Canal Interatividade destina-se à comunicação direta entre o gabinete da SMS e os funcionários, via internet e telefone, e é usado para comunicar estratégias e decisões da secretaria a todas as unidades. 

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