Técnicas de percussão corporal estimulam a criatividade e ajudam no aprendizado de alunos, de 5 a 21 anos.
Estalos, espirros, palmas, gritos, sussurros, sopros. Os sons do corpo
viram música nas aulas gratuitas de percussão corporal no Recanto das
Emas, cidade satélite do Distrito Federal. Com baixo Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH), foi escolhida para sediar o projeto
Batucadeiros, que usa o ensino da música, especialmente a percussão
corporal, como instrumento para a transmissão de valores e conhecimento.
O projeto, criado por um ex-aluno de música da Universidade de
Brasília, Ricardo Amorim, completa seis anos em outubro. Nesse período,
ampliou o trabalho em todos os sentidos: as aulas que, no primeiro ano,
aconteciam apenas aos sábados, com a duração de três horas por semana,
hoje são diárias e em duas turmas, uma pela manhã e outra à tarde. Da
mesma forma, multiplicou-se o número de jovens atendidos — 12 alunos na
primeira turma para 80 atualmente, nos dois turnos — e, ainda, ampliou
o universo atendido: começou com jovens de 13 a 16 anos e, agora,
atende a crianças de cinco anos a jovens de 21 anos.
As atividades são voltadas para a criação e apreciação musical,
estimulando a criatividade dos participantes com atividades
lúdico-musicais e sócio-educativas. Os alunos têm aulas de violão,
oficina de produção de texto, apoio pedagógico, xadrez e outros jogos
de raciocínio lógico e desenvolvimento psicomotor, além do principal, a
percussão corporal, técnica que deu origem ao projeto.
“Começamos com a percussão corporal porque não tínhamos instrumentos”,
conta Ricardo Amorim, que desenvolveu a técnica dos sons a partir de
movimentos com a boca, batidas no chão, no peito, etc. O projeto ganhou
corpo e, com o patrocínio das empresas Brasil Telecom, laboratórios
Sabin e Racco Cosméticos, foi transformado no Instituto Batucar,
instalado num local cedido pela igreja. O critério para entrar no
instituto é estar matriculado na rede pública de ensino da comunidade.
“A idéia é conduzir a criança até a faculdade”, diz Amorim. O projeto
ajuda, também, na obtenção de bolsas de estudo.
Da primeira geração, oito dos 12 alunos chegaram à faculdade e
trabalham como monitores no Instituto Batucar. “Hoje, são
multiplicadores do conhecimento”, relata o coordenador do projeto,
destacando a inserção desses jovens no mercado de trabalho e a geração
de renda na própria comunidade. Os alunos fazem também apresentações e
o grupo Batucadeiros (de percussão corporal) já foi contratado pela
Brasil Telecom para fazer sua propaganda institucional.
E-mail: musicvida@hotmail.com