O mundo postal é proprietário, descobriram, recentemente, ativistas brasileiros e equatorianos do software livre. O sistema definido pela União Postal Universal (UPU) é o IPS-International Postal Systems, desenvolvido pelo Centro de Tecnologia Postal da própria UPU, a que está associada a maioria dos países, inclusive o Brasil. Roda em Windows, e só em Windows. Segundo Fábio Peroni, gerente corporativo de suporte e operações internacionais dos Correios brasileiros, “hoje, não existe versão para utilização com software livre, mas diversos países já solicitaram tal desenvolvimento à UPU”. Mesmo assim, diz ele, não há notícia de que uma versão livre esteja em curso.
O Brasil, como país-membro, continua Fábio, “beneficia-se dos baixos custos de utilização e manutenção do sistema, cuja estabilidade está garantida pela própria perenidade da instituição que o desenvolve. Além disso, sendo um de seus principais usuários, a ECT participa ativamente da evolução do sistema, enviando críticas e sugestões de aprimoramento e testando versões piloto de cada novo módulo em desenvolvimento.” Nenhum país-membro da UPU é obrigado ao uso desse sistema, mas, na prática, “sua utilização tem se difundido pelas facilidades que oferece às administrações postais, já que suas regras de negócio são totalmente compatíveis com as complexas normas internacionais que regem as relações entre correios”, afirma Fábio. “O sistema oferece soluções ligadas à emissão de documentos operacionais padrões de correios (conhecimentos aéreos postais, por exemplo), à captura e transmissão de eventos de rastreamento (track and tracing) e à emissão de contas para acerto entre as administrações postais”.
A primeira consulta sobre as plataformas usadas pelos Correios surgiu nas listas do movimento do software livre a pedido de um desenvolvedor que vem atuando em tentativas de migrar soluções de TI do governo do Equador para sistemas livres. Ele esbarrou, contudo, na informação de que a União Postal da América, Espanha e Portugal (Upaep) havia votado, há alguns anos, a adesão de seus países membros ao sistema IPS, proprietário. Segundo ele, dentro da Upaep, defendem o software livre Cuba,Venezuela, Equador e Argentina (que já roda Ubuntu em estações desktops). E são contra, Colômbia, Peru, Chile e Uruguay. O Brasil, aparentemente, tem se posicionado de forma neutra.