Rafael Bravo Bucco
01/02/2013 – O secretário de direitos humanos da prefeitura de São Paulo, Rogério Sotilli, participou de uma roda de conversa com ativistas da internet na manhã desta sexta-feira. O encontro, ocorrido na Campus Party, teve o objetivo de iniciar um diálogo entre a secretaria e os cidadãos, servindo de foro para que os participantes sugerissem maneiras de como usar a rede para mobilizar e engajar as pessoas nas políticas públicas.
Uma das participantes, Daniela Silva, do Transparência Hacker, propôs ao governo utilizar fóruns e sites já existentes na rede para estabelecer um diálogo com a sociedade via internet, em vez de apostas unicamente em um canal próprio. “Quando for o caso de criar os canais próprios da prefeitura, o risco maior que eu vejo é o de fazer todo o processo de consulta com a sociedade na rede, depois a decisão sobre as políticas ficar a cargo de um grupo, como numa caixa preta, e o resultado final ser decidido sem participação”, falou.
Para contornar estes riscos, ela cobrou transparência completa nos processos políticos e lembrou que, no ambiente digital, não existem limitações físicas à publicação de conteúdos. “Na rede o conteúdo é abundante. Vocês podem perguntar: ‘mas como colocar no texto de uma política pública ou de uma lei 300 sugestões recebidas em uma consulta pública?’. Simples: coloca todas! Não temos limites de páginas”, provocou. Lembrou, ainda, que para fazer sentido, o uso da internet para mobilização precisa “respeitar a lógica de descentralização” que permeia o funcionamento dos grupos online.
Além de Silva, estavam presentes Leonardo Sakamoto, da ONG Repórter Brasil, Luana Behringer, da Casa dos Meninos e do Instituto Lidas, e outros representantes da sociedade civil e movimentos sociais. Pegando o gancho dos direitos humanos, Sakamoto lembrou que a intolerância é comum nas relações dos paulistanos. Para combater esse mal, propôs a criação de espaços físicos e virtuais ondem as pessoas entrem em contado com o outro, de credo, raça ou orientação sexual diferente, para reduzir o preconceito. “É um trabalho fundamental, principalmente para as novas gerações. Não apenas abrindo espaço para a tolerância, mas indo além, de forma que conviver com a diferença seja um prazer”, disse.
Outra proposta de Sakamoto foi dirigida não à prefeitura, mas à sociedade. Segundo ele, não basta exigir que os dados do governo estejam online. É preciso que o cidadão se empodere da informação, analise e investigue. “O queadianta dar transparência às informações, se as informações estão viciadas?”, questionou.
Propôs que os usuários da rede se tornem os jornalistas de hoje, processando os dados e devolvendo à sociedade, denunciando os desvios. Por fim, sugeriu que a prefeitura resgatasse medidas adotadas por governos anteriores, como o Orçamento Participativo. “É importante resgatar processos de participação que tragam as pessoas para o centro da decisão, para decidironde o dinheiro público será investido”, falou.
O secretário Sotilli ouviu as propostas e afirmou queo diálogo está apenas começano. “Para nós é importante o uso desse instrumento pela sociedade civil participar, denunciar e ajudar na gestão pública, inclusive cobrando. A participação pela internet pode ser uma ferramenta de monitoração sobre o Estado, o que é importante para que as políticas públicas andem”, disse.
Na internet, o encaminhamento de sugestões continua aberto. É possível participar postando suas ideias no Twitter, usando a hashtag #psocialdigital, ou enviando um e-mail para a secretaria, através do cidadaniaemrede@prefeitura.sp.gov.br.