Fala, comunidade!
Galera jovem faz jornalismo impresso e digital, contando o cotidiano de nove favelas cariocas.
Áurea Lopes
E assim surgiu o Voz das Comunidades, em 2005 – prova concreta de que Educação de qualidade se faz com educadores de qualidade. Naquela época, o jornal era feito por Rene, junto com seus primos e amigos, todos da sua faixa de idade. A galerinha entrevistava os moradores, escrevia as reportagens, tirava xerox dos exemplares e distribuía de porta em porta.
Hoje Rene tem 17 anos de idade. E maturidade de adulto. Passa pelos soldados que empunham suas submetralhadoras nas vielas do Complexo do Alemão assim como passa pela caixa de tomates podres estatelada no meio do caminho – parece que nem notou, mas está prestando atenção. “Agora melhorou por aqui”, diz. “Agora o governo tá fazendo alguma coisa, colocando asfalto, placas nas ruas…”. Rene anda muito bem informado sobre o que acontece nessas bandas da periferia carioca. Não apenas porque participa de várias redes e faz trabalhos sociais nas favelas. Mas principalmente porque o jornalismo está no seu DNA. Adivinhe onde ele cursa o segundo ano do ensino Médio? No Colégio Estadual Jornalista Tim Lopes. O próximo passo também é fácil de saber: quer cursar faculdade de comunicação.
Depois da aula, de manhã, o restante do dia de Rene é dedicado ao Voz das Comunidades. Tuiteiro em tempo integral, na maior parte dos dias, ele edita as reportagens de casa. Mas o Voz tem uma redação, cravada em uma das ladeiras do morro do Alemão, de onde se avista a vida na comunidade, entre duas estações de teleféricos. É um espaço praticamente profissional, com estúdio de gravação, computadores, notebooks, três câmaras digitais e duas filmadoras. A conexão é 3G. A maior parte dos equipamentos foi ganha, no ano passado, de um programa de televisão.
Gabriela Santos, de 13 anos, é repórter. Também faz fotos, se for preciso, mas o fotógrafo oficial é Renato Moura, de 15 anos, irmão de Rene. Gabriela cursa o 8º ano do Fundamental, na Escola Municipal João Barbalho. Assim como Rene, nunca recebeu qualquer formação específica em comunicação. Ela vai à escola pela manhã. À tarde, começa o “trabalho”. “Eu rodo as comunidades para saber o que tem de bom e o que tem de ruim”, conta. Gabriela sai a campo munida de um notebook. Muitas vezes, escreve o texto no próprio local da reportagem e posta no portal Voz das Comunidades.
Uma das coisas que Gabriela mais gosta no que faz é ter o retorno de suas denúncias. Por exemplo, no dia 28 de maio, o secretario de Conservação do Rio, Carlos Osório, visitou a comunidade do Morro do Adeus com a equipe do Portal Voz das Comunidades. O secretário viu alguns problemas de conservação das ruas da comunidade. Dois dias depois, as ruas já estavam sendo asfaltadas e um grande buraco estava sendo consertado. “Os problemas nas comunidades que foram postados no site estão sendo todos resolvidos”, diz o texto publicado no portal.
www.vozdascomunidades.com.br
Notícias todos os dias
A equipe de jovens jornalistas marca presença em todos os eventos das comunidades. Diariamente, percorre as comunidades e conversa com os moradores, para apurar os problemas do cotidiano. Veja, abaixo, dois exemplos das matérias, que muitas vezes são escritas nos próprios locais da reportagem.
Complexo do Alemão
Gari comunitário ganha R$ 6 mil em Desafio da Paz
POR GABRIELA SANTOS – 17/05/2011 – 15:41
O desafio da paz que foi realizado neste domingo (15) trazendo diversos Atletas profissionais, amadores, autoridades e policiais que participaram também do evento na comunidade e correram os cinco quilômetros do percursos.
As imagens que foram soltas ao mundo onde mostravam traficantes armados fugindo da Vila Cruzeiro. Transformou-se, em diversos atletas que só pensava em comemorar no fim do trajeto percorrido.
A comunidade recebeu a ilustre presença de nosso Governador Sérgio Cabral. O evento realizado por conta de seis meses de pacificação na comunidade, e também mostrou os verdadeiros atletas que há na favela.
O principal colaborador do evento foi o banco Santander doando cerca de R$ 40.000 para beneficiar as pessoas da comunidade, com vencedores na categoria masculina e feminina, o primeiro colocado saiu ganhando R$6.000, o segundo R$ 3.000 e o terceiro recebendo R$1.000.
Os projetos feitos na comunidade também receberam uma boa quantia para desenvolver seus trabalhos, o dinheiro foi somado com o tempo da percorrido na corrida e multiplicado por três o resultados no total dando cerca de R$ 15.000 dividido para os dois projetos “Descolando ideias” que é um grupo de participação na sociedade em que vive “ levando 7.300 o projeto vencedor que também ganhou a mesma quantia foi o projeto “Ler é dez” que tem o objetivo que fazer com que as crianças e até mesmo os adultos se esforcem mais pela leitura.
Complexo do Alemão
Perigo de deslizamento assusta moradores do Morro da Baiana
POR GABRIELA SANTOS – 17/05/2011 – 17:24
Na Rua Roberto Silva, em frente à Rua Joaquim de Queiroz (Grota) há um grande problema que anda preocupando à maioria dos moradores. Um barranco ameaça cair sobre a rua e levar as casas de moradores da rua de cima (Morro da Baiana).
De acordo com moradores a Prefeitura visitou o local hoje 17/5 para discutir à respeito do perigo que percorre no local e que atualmente incômoda muitos moradores. A Prefeitura disse que irá resolver o problema o mais rápido possível para a retirada de terra.
Este barranco sempre foi assim depois que removeram o muro parece que a situação piorou, quando chove excesso de lamas descem, e sem contar com o cheiro horrível que fica, mesmo quando não chove escorre água de esgoto da rua e do mesmo jeito forma lama pela rua, disse a moradora Luciana Souza, 34 anos.