Para disseminar o tema, a Unesco vai distribuir 15 cadernos, em quatro séries sobre o tema, para radcoms, bibliotecas e escolas.
O escritório da Unesco no Brasil vai lançar uma coleção de cadernos
sobre a questão do acesso às tecnologias da informação e comunicação no
país, com textos sintéticos e linguagem simples dirigidos a leitores
leigos e não-especializados, além de comunicadores populares. O
objetivo é disseminar o tema e sucitar debates nas comunidades. Para
isso, a entidade espera contar com a colaboração das rádios
comunitárias, diz Maria Inês Bastos, coordenadora do setor de
comunicação e informação da Unesco Brasil. As rádios poderão usar os
textos para criar programas temáticos, entrevistando pessoas das suas
comunidades com as questões apresentadas nos cadernos.
A iniciativa se chama Tendências no Acesso às Tecnologias de Informação
e Comunicação no Brasil, e vai cobrir o lançamento, a partir deste mês,
de 15 cadernos, distribuídos entre quatro séries, que abordam quatro
temas básicos. O primeiro — “Tecnologia, Informação e Inclusão”—,
explica Maria Inês, trata do “quadro geral do acesso às tecnologias no
Brasil: estratégias, o conceito, o papel das ONGs, do governo, o que é
isso que se chama telecentro”. Os demais temas são: “informação para
todos”, sobre acesso às TICs por parte de portadores de necessidades
especiais; “computador na escola” e “juventude e internet”.
A decisão de publicar os cadernos, segundo Maria Inês, justifica-se
pela inexistência de um repertório popular sobre o tema. “Há muita
atividade na área de acesso à tecnologia no Brasil, mas restrita ao
público que tem acesso a teses e estudos, como as ONGs, as instituições
públicas e privadas. Essa discussão não atinge o grande público, que,
por exemplo, talvez não soubesse ainda responder à pergunta: o que é
inclusão digital?” Assim, o projeto definiu temas em que a Unesco
considera que existam ações relevantes no país, com vários
atores. “E que, infelizmente, não têm divulgação para um público maior,
como a gente acha que deveria”, afirma Maria Inês.
Os textos também trazem fontes de referência e levantam questões para
jornalistas e outros interessados (um quadrinho com três ou quatro
itens). “São perguntas sobre a realidade de quem está lendo. Por
exemplo: na sua comunidade tem telecentro, como ele funciona, tem que
pagar, está sendo bem mantido? Perguntas que os comunicadores das
rádios comunitárias poderiam fazer aos seus ouvintes”, explica a
pesquisadora.
Os cadernos, com tiragem inicial de mil exemplares, serão distribuídos
a escolas de nível médio, radcoms, bibliotecas públicas. A última
série, sobre juventude e internet, é formada por títulos como: “O sonho
do jovem entre o emprego e o computador”; “Do maracatu atômico ao hip hop digital”; “Indígenas recriam a própria imagem em vídeo”.
“Seria maravilhoso se os comunidadores criassem uma programação a
partir das questões apresentadas nos cadernos ou outras que eles
considerassem aplicáveis, entrevistassem pessoas da comunidade, e
enviassem para a gente o áudio, para montar um repositório desse
acervo. Isso, para mim, é um sonho”, diz Maria Inês.