Defensores da cultura livre e do compartilhamento comemoram Nobel de Elinor Ostrom

Elinor Ostrom recebeu o Prêmio Nobel de Economia por seus estudos sobre governança econômica, principalmente de bens comuns (commons). Seu trabalho fundamentou estudos sobre bens comuns digitais.

13/10/2009 – O Prêmio Nobel de Economia de 2009 foi concedido no dia 12 de outubro a Elinor Ostrom e Oliver Williamson. Os dois foram premiados por estudos sobre a governança econômica, a maneira como a autoridade é exercida em empresas e sistemas econômicos. A premiação de Elinor é comemorada pelos defensores da cultura livre e do compartilhamento, porque seus estudos defendem os bens comuns (ou commons) e ressaltam sua importância no acesso livre aos bens culturais e ao conhecimento.

A Creative Commons publicou, em release, que a preimiação de Elinor “é expecialmente digna de comemoração, porque é um reconhecimento a seus estudos sobre os commons (bens comuns)”. Em seu blog Remixtures, o português Miguel Caetano escreve que as pesquisas da economista premiada são “relativas ao modo como a apropriação de bens materiais e imateriais por uma pequena minoria podem prejudicar o conjunto da sociedade serviram de inspiração directa e indirecta a vários movimentos defensores desse grande ecossistema digital que é a Internet”.

A principal pesquisa de Elinor envolve a administração de recursos comuns — recursos também chamados de escassos ou rivais, ou seja, que podem ser esgotados, ao contrário dos recursos digitais. É o caso da água, da atmosfera. Esses recursos, acredita ela, precisam ser administrados como bens comuns. Seu trabalho é citado por muitos pesquisadores de recursos comuns não-rivais (por exemplo, bens de conhecimento). Veja um trecho dos agradecimentos, no recente livro de James Boyle, O Domínio Público:

“O trabalho histórico de Carla Hesse, Martha Woodmansee e Mark Rose foi fundamental em minhas análises, que não existiram sem os estudos sobre governança de bens comuns de Elinor Ostrom, Charlotte Hess e Carol Rose.”

“Movimentos como o do software livre e da cultura livre, assim como projectos mais específicos como a associação Creative Commons, a enciclopédia colaborativa Wikipedia e o Internet Archive foram beber aos livros de Ostrom (como Governing The Commons de 1990) a ideia de que é possível criar comunidades auto-geridas pelos utilizadores segundo um modelo não hierárquico sem que ocorra um esgotamento dos recursos disponíveis devido à sobre-exploração por parte de alguns abusadores”, escreve Caetano. Veja seu artigo completo aqui. E o release do Creative Commons (em inglês) aqui.