Dois brasileiros estão na lista dos 30 que mais contribuíram, desde 2008, para o desenvolvimento do kernel Linux.

O coração do Linux é um dos maiores projetos de software colaborativo jamais realizados. Tem 2,7 milhões de linhas de código e 1.150 desenvolvedores, hoje.

24/08/09 – A Fundação Linux analisa, desde janeiro de 2008, a quantidade de linhas de código adicionadas ao kernel do sistema Linux e quem está realizando esse desenvolvimento. O resultado do segundo relatório, publicado na semana passada, mostra que o aumento nas contribuições de linhas de código para o kernel do sistema é enorme. Mostra também que a frequência com que essas contribuições são apresentadas é cada vez maior e que cresceu o número de desenvolvedores individuais que participam do projeto. Os brasileiros Mauro Carvalho Chehab e Glauber Costa estão entre os 30 desenvolvedores que mais contribuíram com modificações desde a versão 2.6.24. “O kernel do Linux é o resultado de um dos maiores projetos cooperativos de desenvolvimento de software jamais realizados”, diz o relatório.

O kernel é o nível mais baixo de software de um sistema Linux. Ele gerencia o hardware, roda os programas dos usuários e mantém a segurança e integridade de todo sistema. É uma parte relativamente pequena do software de um sistema Linux completo (outros grandes componentes vêm do projeto GNU, do Gnome e do KDE, entre outros), mas é o coração do sistema. O relatório da Linux Foundation, chamado “Quem Escreve o Linux”, acompanha o desenvolvimento do kernel entre as versões 2.6.24 (janeiro de 2008) e 2.6.30 (junho de 2009).

O kernel do Linux tem 2,7 milhões de linhas, todas escritas de maneira colaborativa. Direcionar uma imagem na tela, em um programa de fazer páginas na internet, por exemplo, demanda uma linha de código. Incluindo finais de semana e feriados, uma média de 5.547 linhas foram removidas do kernel por dia, entre essas duas versões. 2.243 linhas foram modificadas e 10.923 linhas de código foram adicionadas. A cada três horas, em média, 5,45 patches (pequenas unidades de código, que executam uma função específica dentro do código fonte) são adicionados. Nas versões anteriores, a média era de 3,83 patches. Em relação ao estudo anterior, o kernel do Linux está sendo desenvolvido 42% mais rapidamente, em uma velocidade maior do que a de qualquer outro projeto de software livre.

O trabalho é realizado por 1.150 desenvolvedores, 10% mais do que os do kernel 2.6.24. Nos últimos 4 anos e meio (entre o kernel 2.6.11 e o atual ), um total de 4.190 desenvolvedores contribuíram com códigos. De acordo com o relatório, a maior parte da contribuição, independente do número enorme de colaboradores, é feita por 10 desenvolvedores individuais, responsáveis. Os 30 principais desenvolvedores — entre eles Mauro Carvalho e Glauber Costa — contribuíram com 25%.

As quatro corporações que mais contribuem são a Red Hat, com 12%; a IBM, com 6.3%, a Novel, com 6.1% e a Intel, com cerca de 6%. Desde a versão 2.6.24, 21,1% das modificações foi feita por desenvolvedores independentes, não ligados a empresas.

Glauber Costa, o Gloomer, escreveu nos comentários à notícia, na revista online BR Linux, que esta é a lista dos desenvolvedores mais ativos em determinado período. “As coisas vão e vem. De repente você faz um trabalho que te projeta, depois faz outros menos visiveis mais igualmente importantes, ou quem sabe, você surta e fica um tempão sem fazer nada. É normal. Eu mesmo fiquei surpreso de estar na lista, já que faz bem uns 4 meses que eu não escrevo nada de relevante para o Linux (certeza absoluta que não vou estar na próxima!!), e hoje me foco quase que 100 % no projeto Qemu. Alias, o Marcelo (Tossati) também. O Brasil é um país cheio de talentos. Existem muitos outros brasileiros (muitos até grandes amigos meus!) trabalhando ativamente no desenvolvimento do kernel Linux, eles só não recebem muita atenção. Mas que tenho certeza que eventualmente podem vir a aparecer em destaques como esse”.

Já o Mauro Carvalho escreveu que “a inclusão na lista deve-se não somente aos meus esforços individuais enquanto desenvolvedor, mas a todo o trabalho na comunidade do V4L/DVB, que tem atuado de forma bastante ativa para melhorar o suporte a webcams e dispositivos de rádio, televisão e captura de vídeo dentro do Linux. Graças a esses esforços, temos uma quantidade muito grande de patches para revisão, enquanto mantenedor do subsistema, com melhorias continuadas no suporte a esses dispositivos que são importantes na adoção do Linux especialmente em desktops, notebooks e telefones celulares”. (Com informações da Br-Linux.org e da OS News.com). Veja a íntegra do relatório aqui.