Avanço lento
Nos últimos anos, as tecnologias assistivas evoluíram muito e as políticas públicas voltadas a pessoas deficientes ganharam expressão. No entanto, como revela a reportagem de capa desta edição (veja a página 10), falta universalizar o atendimento. A sociedade precisa se preparar para garantir a efetiva cidadania aos portadores de necessidades especiais: faltam rampas para o acesso dos cadeirantes, faltam computadores equipados para os cegos se conectarem à internet, falta tradução em libras nas telas de TV e de cinema. E mais: as redes de telecentros e infocentros, pontos de acesso público à internet, têm poucas unidades totalmente preparadas para o atendimento a pessoas deficientes. Muitas têm instalações adaptadas para recebê-los mas faltam sobretudo softwares e acessórios. Também há deficiência no atendimento por parte dos monitores, mas aí já se nota um avanço no treinamento dado em diversas redes.
Quem quiser melhorar a qualidade do atendimento ao público com necessidades especiais pode recorrer à “Metodologia de Atendimento e Acesso a Pessoas com Deficiência a Telecentros”, documento elaborado pela organização não-governamental Acessibilidade Brasil em parceria com o Ministério do Trabalho, a partir da experiência de um telecentro de acessibilidade total em Taquatinga (DF). Com iniciativas como essa, de sistematização das melhores práticas, e o apoio de políticas públicas, o país precisa começar a caminhar rumo à universalização do atendimento dos portadores de necessidades especiais. Sua inclusão na Sociedade da Informação é um direito.
Projeto Telecentros
Não se trata de um projeto revolucionário nem perfeito. Mas o grande mérito do Projeto Telecentros (veja a página 26) é dar racionalidade e sustentação aos muitos projetos de inclusão digital do governo federal em parceria com estados, municípios e entidades da sociedade civil. Criar condições para que os telecentros municipais doados pelo Ministério das Comunicações ou fruto de emendas parlamentares contem com uma rede de suporte, treinamento e monitores bolsistas é qualificar os investimentos já realizados pelo poder público. Muito mais importante do que lançar novos programas de inclusão digital.
Lia Ribeiro Dias
Diretora Editorial