Editorial


A universalização da TV digital


Para que a TV digital venha a representar um ganho para toda a
população, com a melhoria da qualidade das imagens que chegam aos
televisores e a oferta de novos canais e conteúdo variado, é muito
importante que seja construído um modelo de transição do sistema
analógico para o digital que estimule os telespectadores a migrarem de
um sistema para o outro. Num país como o nosso, onde a TV está presente
em mais de 90% dos lares e onde a maioria da população não tem recursos
para comprar um televisor digital, que ainda custa muito caro — na
faixa dos R$ 7 mil –, o sucesso da transição vai depender, em grande
medida, do preço da caixinha que faz a conversão do sinal digital, que
chega na casa do telespectador, para a sua TV atual, que é analógica.

O governo já demonstrou preocupação com o barateamento do conversor,
anunciando que pretende desonerar a sua produção, com a redução de
impostos. O preço do conversor é estratégico para que a TV digital se
universalize no país. Se o equipamento não for barato, a TV digital
poderá ficar restrita apenas à parte da população de maior poder
aquisitivo. E poderá não se concretizar o objetivo do governo, de fazer
a transição da TV analógica para a digital em dez anos — como definido
no decreto que criou o Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre
(SBTVD-T), tema de reportagem nesta edição.
Teoricamente, pelo que determina o decreto presidencial, em 28 de junho
de 2016, todos os canais analógicos serão desligados, e as faixas de
freqüência por eles ocupadas devolvidas à União. No entanto, a
efetivação desse prazo não depende só da cobertura geográfica dos
sinais digitais: está condicionada, em última instância, a um modelo de
TV digital que realmente conquiste o interesse dos telespectadores. E o
interesse dos telespectadores depende, basicamente, de dois fatores: da
capacidade financeira para comprar o conversor de sinais e da motivação
para esse investimento. E, aí, entra a oferta de programação atraente,
que não depende só das emissoras, mas do modelo de negócios que vier a
ser construído.

Gestão de telecentros

Para os telecentros que não dispõem de softwares para fazer o seu
gerenciamento, uma boa notícia. Existem sistemas já desenvolvidos e que
são de uso livre, como mostra a reportagem de capa.
Além de recursos básicos, os programas ganham aperfeiçoamentos, que
refletem, também, a maior consistência dos projetos de inclusão digital
–, funções para educação a distância, videoconferência e formação de
ambientes colaborativos. Ou seja, ferramentas para para colocar
educadores e usuários em rede.

Lia Ribeiro Dias
Diretora Editorial