Peça-fundamental para a inclusão digital num país onde boa parte das escolas ainda não conta com laboratórios de informática — só este ano, o governo federal conseguirá, por meio do Proinfo, equipar todas as escolas públicas de ensino médio —, os centros coletivos de acesso à internet, que uns chamam de telecentros e outros de infocentros, vão, finalmente, ganhar uma política que vai garantir a sua institucionalização. O coordenador das ações de inclusão digital do governo federal, Cezar Alvarez, promete divulgar, em abril, as linhas gerais da política de telecentros, que será construída através da parceria entre União, estados, municípios e entidades da sociedade civil.
Na institucionalização da política estarão definidos o papel de cada parceiro e os critérios mínimos para o funcionamento de um telecentro, tanto do ponto de vista de infra-estrutura (configuração da rede e dos equipamentos, incluindo aí os softwares), como de atividades e relacionamento com a comunidade. Alvarez acredita que, a partir daí, estarão dadas as condições para uma ampliação acelerada das redes de telecentro (veja a página 22). Sua meta é atender em centros coletivos de acesso à internet, até o final do atual governo, toda a população que não tem computador em casa conectado à internet.
O objetivo é ambicioso, mas a construção da estrada para se chegar até lá está sendo bem planejada. A política de telecentros não é isolada: casa-se com o programa Computador para Todos, que elevou a venda de micros no país para 10 milhões de unidades e tornou o equipamento acessível às famílias de classe C e D, e com a política de levar a infra-estrutura de banda larga a todos os municípios brasileiros.
Robótica educacional
Chamou a atenção durante o Campus Party Brasil, evento que reuniu 3.3 mil participantes na Bienal de São Paulo, em fevereiro, o interesse despertado pela robótica, uma das dez áreas temáticas do acampamento. Embora não fosse a área com maior número de inscritos, foi a mais movimentada e criativa. Esse interesse contrasta com o número escasso de projetos de robótica pedagógica no Brasil, mesmo em escolas privadas, enquanto em outros países seu ensino já é universalizado. Isso porque “a construção de robôs na escola convida professores e alunos a ensinar/aprender/descobrir/inventar em processos coletivos, capazes de conectar abstração e mundo concreto”, como mostra a reportagem de capa desta edição (veja a página 10).
Lia Ribeiro Dias
Diretora Editorial