Editorial

A saúde que chega pela rede


O Ministério da Saúde está equipando 2,7 mil Equipes de Saúde da Família com computadores e ferramental de telessaúde para testar, até o final do ano, o uso dessa tecnologia em regiões não atendidas por especialistas, hospitais de referência e outros recursos assistenciais; um investimento inicial de R$ 16 milhões. A idéia, após o piloto, é dar escala nacional ao Programa Telessaúde Brasil.

Na fase de teste, nove estados recebem recursos para montar, cada um, cem pontos de telessaúde com computadores, dispositivos para tele-eletrocardiograma e câmeras web para transmissão, pela internet, de informações que serão recebidas por especialistas em centros de pesquisa e universidades. O objetivo, como mostra a reportagem de capa desta edição, é dar capacitação continuada aos agentes comunitários de saúde, médicos generalistas e outros integrantes das Equipes de Saúde da Família, e resolver localmente o maior número de problemas, evitando o deslocamento geográfico dos pacientes.

Os diversos núcleos estaduais comunicam-se em alta velocidade por meio do backbone da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP). Mas os municípios integrantes do piloto precisam ter sua própria conexão à internet, como contrapartida. Um gargalo que pode comprometer a expansão nacional do projeto. Não por acaso, gestores da iniciativa pretendem propor ao MEC o compartilhamento dos links de banda larga das escolas, a serem fornecidos pelas operadoras fixas.

Enquanto isso, só se pode lamentar que a proposta do Minicom de avaliar tecnologias sem-fio em 150 cidades tenha enveredado por área cinzenta, em que circula muito pouca informação. Fontes afirmaram à ARede que será feito edital de preço-referência para escolher os fornecedores a serem indicados às prefeituras. Mas os modelos técnicos e de negócio adequados a cada região precisarão ser descobertos pelas próprias administrações municipais, que enfrentam, principalmente, a barreira de sustentabilidade para ofertar gratuitamente o acesso à internet. Apesar das dificuldades, o sociólogo Sérgio Amadeu da Silveira sugere que o eleitor aproveite as próximas eleições municipais para introduzir as cidades digitais na pauta dos candidatos. É o momento, diz ele, para que futuros prefeitos se comprometam a criar nuvens gratuitas de conexão à web sem-fio.

Lia Ribeiro Dias
Diretora Editorial