ARede nº 43 Dezembro de 2008 – Com o Projeto Telecentros, que envolverá recursos de R$ 150 milhões em 2009, o governo federal finalmente cria condições objetivas para construir uma política de telecentros no país que não só dê organicidade e sustentabilidade aos diferentes projetos da área federal, mas que também terá por objetivo ajudar a qualificar as redes estaduais e municipais e as mantidas pelas entidades do terceiro setor. O projeto envolve, também, acrescer mais 3 mil unidades aos atuais 10,6 mil telecentros, parte em implantação.
Antiga reivindicação dos movimentos sociais envolvidos com a inclusão digital, a definição de um projeto orgânico de telecentros só foi possível com o estabelecimento, no ano passado, de uma coordenação das ações de inclusão digital do governo federal. Embora o processo tenha caminhado mais lentamente do que a realidade exige, a definição do Projeto Telecentros, dos órgãos de governo envolvidos e dos recursos orçamentários foi um passo muito importante para a construção de uma política nacional de inclusão digital.
Afinal, os telecentros ou infocentros respondem por uma pequena parcela do acesso à internet. De acordo com pesquisa realizada em 2007 pelo Centros de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (Cetic.br), como mostra a reportagem de capa desta edição, só 6% dos que acessam a internet o fazem a partir desses centros públicos. A grande maioria o faz a partir de locais de acesso pagos, como as lanhouses e cyber cafés, simplesmente porque a oferta de equipamentos públicos é pequena. Mas um centro público, é bom lembrar, não é apenas um ponto de acesso gratuito à internet, que usa software livre. É um local de formação de agentes comunitários de inclusão digital, com gestão participativa da comunidade e avaliação permanente da sua atuação.
Recebido com entusiasmo pelos militantes presentes à 7ª Oficina de Inclusão Digital, realizada em Belém, no Pará, o Projeto Telecentros depende, para seu sucesso, de uma outra iniciativa: um Plano Nacional de Banda Larga, que está apenas parcialmente definido. A infra-estrutura de banda larga será levada a todos os municípios brasileiros até 2010 pelas concessionárias de telefonia fixa local. Mas falta construir os modelos de solução para a distribuição do acesso dentro das cidades, a chamada última milha.
Lia Ribeiro Dias
Diretora Editorial