Editorial

O avanço em direção à internet: tecnologia mais criatividade.


O
lançamento de novas tecnologias tem ampliado as opções de acesso à
internet e barateado o seu custo. Nem o poder público, nem as
comunidades estão mais presas aos modelos de negócios ou restrições
técnicas das redes telefônicas – as grandes provedoras de acesso – ou
das redes de TV por assinatura (por cabo, satélite ou rádio), de
cobertura ainda mais restrita em termos de atendimento à população
brasileira.

As tecnologias de acesso sem fio, como Wi-Fi e Wi-Max, ou por meio a
rede elétrica (PLC), ainda experimental, abrem novas oportunidades para
iniciativas coletivas de acesso à internet. As experiências, no país,
são poucas: Teutônia, no Rio Grande do Sul; Piraí, no Rio de Janeiro;
Sud Menucci, em São Paulo; Ouro Preto, em Minas Gerais; e Barreirinhas,
no Maranhão. Mas começam a se multiplicar. O governo do Rio de Janeiro
quer construir um corredor digital, cobrindo sete cidades. A
Eletropaulo colocou, em São Paulo, banda larga sobre a rede elétrica em
cinco conjuntos habitacionais. E o governo federal está revendo o
programa Gesac, de conexão à internet via satélite. Quer deslocar as
antenas para regiões que só podem ser atendidas por satélite, de custo
muito mais alto, e prover o acesso à internet, nas periferias das
grandes cidades e em outros pontos com densidade populacional – por
meio de outras tecnologias ou de uma combinação de tecnologias – desde
a rede telefônica convencional até a comunicação via rádio ou outras
tecnologias sem fio. Em Sobral, no Ceará, isso não é novidade. Provedor
de internet da cidade, a Prefeitura combina um link dedicado que
conecta à operadora de telefonia a transmissão via rádio e antenas.

O avanço da tecnologia e o barateamento do acesso são ingredientes
essenciais para colocar a rede a serviço do cidadão. Mas a
concretização dos projetos depende, em grande medida, do poder público.
Só a pressão das comunidades organizadas pode reverter o quadro da
baixa densidade, entre os projetos sociais, de conexão à internet em
banda larga. Foge ao bom senso que a Central Única das Favelas, Cufa,
uma ONG do Rio de Janeiro, tenha que pagar R$ 1,2 mil mensais a um
provedor de conexão via satélite para ter o seu telecentro de Acari
conectado à internet (os outros quatro são conectados via ADSL). Há
alternativas de conexão muito mais baratas a serem exploradas,
liberando recursos para investimentos mais relevantes como a educação
dos adolescentes. Buscar essas alternativas pressupõe organização,
iniciativa e poder de pressão. As comunidades e os projetos sociais têm
de ir à luta e buscar respostas junto ao poder público.


Time reforçado

A partir desta edição, a seção Raitéqui passa a ter, como colaborador,
o sociólogo Sergio Amadeu da Silveira, ex-presidente do ITI da Casa
Civil e conselheiro d’ARede. Amadeu vai escrever sobre as tecnologias
que estão sendo desenvolvidas nos grandes laboratórios mundiais e o que
vão representar para a sociedade. Na sua estréia, ele fala sobre
computação distribuída, tomando como exemplo o projeto Fênix, cujo
objetivo é identificar alguma onda de rádio que possa significar um
fenômeno gerado por vida inteligente fora da Terra. Vale a leitura de
uma iniciativa que Amadeu chama de genial.

Lia Ribeiro Dias
Diretora Editorial