Atualizar para crescer
ARede nº 96 – janeiro/fevereiro 2014
O ensino a distância (EAD) se consolidou em todo o mundo como ferramenta de democratização do acesso à educação e à requalificação profissional. Poderia ser uma solução para universalizar alguns níveis de formação. Mas, para isso, precisaria ter mais atenção das autoridades educacionais, avaliam os especialistas.
No Brasil, embora ainda represente apenas 15,8% das matrículas do ensino superior, de 2011 a 2012, a expansão dos cursos superiores a distância (12,2%) superou a dos presenciais (3,1%), segundo o Censo da Educação Superior do Ministério da Educação. Muitos jovens como Bruno Nascimento, personagem da reportagem de capa desta edição (página 8), que já fez sete cursos online, encontram nesse recurso uma forma de vencer barreiras financeiras, geográficas e conquistar uma vida melhor.
O potencial do ensino a distância ficou ainda maior com a nova modalidade MOOC (do inglês Massive Online Open Courses) – cursos abertos, massivos e que podem ser feitos pela rede por qualquer pessoa, a qualquer hora, e de qualquer local onde haja conexão. O grande diferencial dessa tendência é a sintonia com as diretrizes de educação para o século 21, em que a construção do saber se dá a partir da colaboração de todos os atores, não via transmissão linear do conhecimento do professor ao aluno. Os materiais dos MOOCs podem ser abertos, editáveis pela comunidade de estudantes e educadores. Trabalhando em conjunto, uns ajudam os outros, apoiando-se no processo de aprendizado.
Seja no formato convencional de EAD, seja nos atualíssimos MOOCs, o ensino a distância tem tudo para crescer. Porém, precisa enfrentar desafios importantes. Um problema sério é a evasão, bastante alta. Apenas 10,6% dos estudantes concluem os cursos online “autorizados”, que têm processo de seleção, exigem matrícula e podem ser pagos. Nos cursos livres, esse número chega a 32,6%, ainda baixo. Os motivos da desistência foram apontados em outro Censo, da Abed: falta de tempo (23,4%), falta de adaptação à metodologia (18,3%) e aumento de trabalho (15%). Resta agora o governo, as instituições e os educadores se dedicarem a encontrar alternativas para driblar as dificuldades.
Outro entrave é a legislação defasada. Um grupo de trabalho está propondo mudanças que facilitariam a oferta de ensino a distância, flexibilizando as regras criadas em 2007, que não atendem à evolução tecnológica.
Lia Ribeiro Dias
Diretora Editoria