ARede nº69 Maio/2011 – Educar não é reproduzir o status quo, é estimular o direito à diferença e o florescimento das habilidades pessoais. Educar para a comunicação em rede é radicalizar esse conceito, pois, pelas suas características de interatividade e compartilhamento, a comunicação conectada é uma espaço mais do que adequado para o desenvolvimento do protagonismo individual e coletivo.
É isso que nos ensinam as histórias de vida de seis jovens de baixa renda, formados por programas públicos de inclusão digital, que são os personagens-autores do trabalho de mestrado, de minha autoria, que deu origem à reportagem de capa desta edição (ver página 10). Este trabalho só foi possível por ser resultado de um esforço coletivo, desenvolvido pela equipe da revista à ARede ao longo de seis anos.
Por meio de nosso trabalho profissional, pudemos conhecer de perto os programas de inclusão digital patrocinados por governos, Terceiro Setor e empresas privadas, acompanhar a sua evolução, as muitas barreiras, as distorções, os desvios populistas e também vitórias importantes. Descobrimos a importância dos monitores, que são os “professores” dos espaços de inclusão e o elo com a comunidade do entorno, acompanhamos os bons programas de formação, entrevistamos articuladores de políticas públicas e debatemos caminhos.
A dissertação de mestrado “Inclusão digital como fator de inclusão social. A inserção de jovens de baixa renda como protagonistas da Sociedade do Conhecimento” é apenas mais uma etapa desse caminhar, que tem, como principal objetivo, retratar o que se faz em inclusão digital no Brasil e a partir dessa realidade contribuir para a formulação de políticas públicas consistentes, longe da demagogia e do oportunismo político.
Consideramos que a comunicação interconectada é um direito para o exercício pleno da cidadania na sociedade em rede. Mas não achamos que a inclusão digital é mágica. Somos contra os programas que instrumentalizam os jovens para serem consumidores de tecnologia e os preparam só para atender às necessidades do mercado de trabalho de tecnologia da informação e comunicação.
A equipe da revista ARede está convencida de que programas bem desenhados, criativos e voltados ao desenvolvimento de empreendedores na sociedade em rede podem fazer a diferença na vida de milhares de jovens. Como demonstram as histórias de vida de nossos seis personagens-autores.
Lia Ribeiro Dias
Diretora Editorial