ARede nº72 agosto de 2011 – Normalmente, a mídia associa a palavra hacker a especialistas em computador e internet que atuam na rede para promover o mal: invadem sites, tiram páginas do ar, roubam dados e contas bancárias. Mas essa associação nada tem a ver com a atitude de jovens curiosos que usam sua capacidade de invenção para chegar a uma solução criativa. Esta é a origem da palavra hacker, que começou a ser usada no mundo digital, na década de 1980, nos Estados Unidos.
A reportagem de capa desta edição (ver página 10) descreve o que é ser um hacker, qual é sua atitude, quais são seus valores. O hacker é basicamente uma pessoa curiosa, que quer conhecer o que está dentro das caixas pretas, para usar suas potencialidades para criar novos usos. E novos usos muitas vezes vão contra as normas vigentes, contra os padrões definidos por valores econômicos apoiados na propriedade intelectual, contra as tecnologias proprietárias. A cultura hacker prega a liberdade e os padrões abertos que possam ser compartilhados.
Isso é muito diferente de praticar o crime cibernético. Por isso, a militância hacker combate as invasões de sites, e-mails, contas bancárias que não estejam associadas a um claro objetivo de denúncia política. E insiste em que quem pratica esse tipo de violação não é hacker, mas cracker. Em uma comparação muito feliz, o ministro Aloizio Mercadante, da Ciência e Tecnologia, disse que os hackers são como os grafiteiros, que criam coisas; os crakers são os pixadores, que destroem coisas.
Mas a atitude hackers não está circunscrita ao mundo da rede de computadores, embora este seja parte intrínseca de sua forma de atuar. A atitude hacker contempla a militância em causas relacionadas aos direitos de cidadania, como a campanha pela abertura dos dados públicos e pela transparência das informações.
Entrevista
Criatividade também é o tema da entrevista do mês com Felipe Fonseca, integrante do coletivo Metareciclagem e ativista de tecnologias livres (ver página 20). O foco de seu trabalho é associar a discussão da importância da inovação à criatividade que marca a cultura brasileira.
Lia Ribeiro Dias
Diretora Editorial
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