Editorial

Revolução a distância

A capacitação dos professores do ensino básico é fundamental

ARede nº73 setembro de 2011 – Para garantir a melhoria da educação no país, que ainda amarga baixos indicadores de desempenho dos alunos. Atualmente, de acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o Brasil capacita mais docentes para a educação infantil e para o primeiro ciclo do ensino fundamental pelo ensino a distância do que por cursos presenciais.

Esse é um ponto de inflexão importante na nossa história da educação, como mostra a reportagem de capa desta edição (ver página 10). A educação a distância (EAD), até pouco tempo atrás olhada com desconfiança por educadores, alunos e empregadores, ganhou status e está mudando a realidade em muitas regiões onde o acesso a faculdades e cursos de especialização é difícil e caro.

A quebra do preconceito em relação à EAD não foi um processo simples, nem rápido. Exigiu investimento público no desenvolvimento de cursos e o estabelecimento de um sistema de avaliação para impedir a invasão do mercado por “fábricas de diplomas”. Mas o país já começou a separar o joio do trigo.

Hoje, o maior centro público de ensino a distância do país é a Universidade Aberta do Brasil (UAB), integrada por universidades públicas que oferecem cursos gratuitos de nível superior. Há cursos privados de qualidade – com valores mais acessíveis do que os dos cursos presenciais. As “fábricas de diploma” estão sendo expulsas do mercado.

O acesso aos alunos também é menos restritivo do que nos cursos presenciais, pois o modelo é mais flexível e o número de vagas maior. No caso dos curs os gratuitos de formação e especialização, os professores têm vaga garantida. Quem não é professor pode concorrer a bolsas de estudo parciais ou integrais, para ingresso em universidades pagas.

Mas se engana quem pensa que é mais fácil fazer um curso a distância, que é preciso estudar menos. Educadores e alunos insistem em que a EAD requer mais disciplina do aluno, maior autonomia.

E os resultados começam a aparecer. Pesquisa do Inep mostra que no último Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) os alunos de cursos a distância tiveram 6,7 pontos acima dos alunos dos cursos presenciais.

Lia Ribeiro Dias
Diretora Editorial