editorial – Estamos atrasados!

Estamos atrasados!

ARede nº 82 – julho de 2012

Ainda fora dos currículos oficiais das escolas da rede pública, a robótica educacional avança lentamente, circunscrita às atividades extracurriculares. O que é uma pena, como demostram as experiências, ainda em número restrito, de escolas que usam a robótica para desenvolver o aprendizado de matemática, física, química, ciências… Ao lado de seu apelo lúdico, a robótica permite ao aluno resolver problemas de disciplinas tradicionais, estimula o senso crítico, fortalece o trabalho em equipe e o empreendedorismo.

Com tantas qualidades, por que a robótica demora tanto para ocupar espaço no ensino público? Uma barreira importante é o preço elevado dos kits fornecidos por empresas privadas, o que impede sua adoção nas escolas públicas. A alternativa são as soluções livres, desenvolvidas com materiais mais baratos e mesmo com sucatas, pelas quais não se pagam royalties nem direito autoral. Só que essas soluções ainda não são produzidas em larga escala.

Esse cenário pouco animador, onde a robótica ainda é uma disciplina marginal na educação do país, pode sofrer uma importante alteração nos próximos dois anos. João Pessoa (PB) vai sediar a maratona internacional Robocup, em 2014. Vamos torcer para que isso aconteça!

Pior que o ACTA
Atenção, militantes da defesa da liberdade na internet. É obrigatória a leitura da entrevista de Pedro Mizukami, do Centro de Tecnologia e Sociedade da Escola de Direito da FGV/RJ (ver página 18). Ele alerta para um novo movimento de restrição ao uso da rede, o Trans-Pacific Partnership (TPP), que, em sua opinião, tem regras ainda mais nocivas às liberdades fundamentais do que o Acordo Comercial Anticontrafação (Acta), recentemente rechaçado pelo Parlamento Europeu (ver página 46).

Segundo Misukami, o TPP, embora limitado aos países da região do Pacífico, precisa ser acompanhado por ativistas da liberdade na rede de todo o mundo porque pode criar modelos que venham a ser acompanhados por outras nações. Enquanto o Acta se concentra em garantir a execução das normas de propriedade intelectual, o TPP pretende ampliar o que são dos direitos de propriedade intelectual. Por isso, “é pior que o Acta”, diz Misukami.

Lia Ribeiro Dias
Diretora Editorial

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