editorial
Protagonismo eleitoral das redes
ARede nº 100 – setembro/outubro de 2014
Nas estruturas de campanha política, as redes sociais, que já se faziam presentes desde as eleições de 2010, ganharam maior relevância. Afinal, o Facebook, para falar da rede social mais popular no Brasil, tem 76 milhões de usuários no país.
Mas, para especialistas em comunicação digital, o fato de as três principais candidaturas à Presidência da República terem criados núcleos específicos para a comunicação digital não significa que toda a possibilidade de comunicação horizontal com os internautas está sendo explorada. A avaliação é de que o que existe é mais um canal institucional de comunicação entre a campanha e sua militância, e menos um canal aberto que possa impulsionar o debate e ganhar a adesão de internautas que não integram a militância de um determinado candidato.
Como mostra a reportagem de capa desta edição, os especialistas, embora reconheçam o avanço da campanha eleitoral na internet, observam que a comunicação é muito centralizada, institucionalizada. Ou seja, acham que as candidaturas ainda não conseguiram fazer dos internautas participantes ativos, com comentários sobre programas, propostas e apresentação de novas ideias. “Os que não são militantes não e engajam”, avalia Marcelo Branco, ativista e consultor na área
de redes sociais.
Cultura Viva
Depois de explodir entre 2007 e 2009 e enfrentar um refluxo a partir de 2011, o programa Cultura Viva conquistou uma importante garantia para sua sobrevivência. Este ano, foi institucionalizado
por meio da Política Nacional de Cultura Viva, que reúne manifestações populares, saberes tradicionais e tudo que a imaginação do povo ousa produzir.
Ainda é preciso esperar pela regulamentação da nova política para saber que medidas serão estabelecidas para facilitar o apoio às manifestações da Cultura Viva, desburocratizar as exigências dos editais e facilitar a prestação de contas. Mas a institucionalização é, sem dúvida, um passo importante, que precisa ser comemorado.
Lia Ribeiro Dias
Diretora Editorial
Uma visita a Piraí do Norte e Nilo Peçanha, as duas primeiras cidades do programa Cidades Digitais, do Ministério das Comunicações (Minicom), mostra o quanto uma infraestrutura eficaz de comunicação pode transformar as realidades locais. Em Piraí do Norte, em vez de 350 kbps por máquina, via rádio, existem 12 pontos em estabelecimentos de governo e dois pontos em praças públicas com, em média, 1 Mbps integral. O município, que antes gastava R$ 3,5 mil por mês para conectar só os 54 computadores da prefeitura, hoje paga R$ 6 mil mensais por acesso de qualidade em toda a rede.
No entanto, a reportagem de capa desta edição mostra, para além dos casos de sucesso, as dificuldades enfrentadas pelas demais cidades do programa, na maioria municípios pequenos, com arrecadação marginal e orçamento apertado, que dependem totalmente dos fundos da União. A Secretaria de Inclusão Digital, do Minicom, garante que se empenha para “dar sustentabilidade ao projeto”, conforme explica Lygia Pupatto, titular da Secretaria. E buscou várias parcerias – Telebras, Serpro, Pronatec, Sebrae e governos estaduais.
O Cidades Digitais enfrentou outro desafio, de alterar a regulamentação. Até então, só cidades com empresas públicas com licença SCM podiam operar uma rede de cidade digital. Agora, redes gerenciadas por entes da federação ou por organizações sem fins lucrativos podem oferecer conexão. Uma das dificuldades das 80 cidades selecionadas no primeiro edital é justamente atender as exigências da Anatel. Outra é a negociação para uso dos postes. O preço de referência acordado entre Anatel e Aneel ainda depende de consulta pública, mas a SID mudou o modelo para as 262 cidades do segundo edital, que vai prever a fibra enterrada como norma – serão 90% de fibras subterrâneas e 10% aéreas.
À espera do Marco Civil
Até o fechamento desta edição, dia 29 de novembro, o Marco Civil da Internet não tinha sido votado – apesar da recomendação de regime de urgência feita pela presidente Dilma Rousseff. A neutralidade da rede continua sendo o entrave para um acordo que viabilize a tramitação do projeto de lei no Congresso. E as organizações sociais continuam mobilizadas na luta por uma internet livre, sem privilégios para alguns, com qualidade de acesso a todos.
Lia Ribeiro Dias
Diretora Editorial