opinião

Educação, caminho para o desenvolvimento.

Marcia Schüler

ARede nº 78 – março de 2012

Lembro que, em meados de 2008, viajando pelo Uruguai, vi crianças aguardando o ônibus com um computadorzinho portátil nas mãos. Fiquei encantada e com a curiosidade completamente aguçada! Foi assim que tomei conhecimento do Plano Ceibal, o projeto Um Computador por Aluno (UCA) de lá. Em 2009, trabalhando na prefeitura de Novo Hamburgo (RS), me inteirei da experiência brasileira com laptops educacionais, o UCA. Naquele ano, participei do 1º Seminário de Avaliação do Plano Ceibal. A quantidade de informações que absorvemos em três dias foi imensa e decisiva para montarmos a nossa experiência local de UCA, o MundiNHo.

Descobrir que o Plano Ceibal não é apenas um projeto de transformação da Educação, e sim uma estratégia de desenvolvimento do Uruguai, foi o aprendizado mais importante. Patrocinado diretamente pelo então presidente Tabaré Vázquez, é um projeto interinstitucional e intersetorial, que iniciou com o objetivo de “promover a inclusão digital para possibilitar maior e melhor acesso à educação e à cultura” (www.ceibal.edu.uy). Por levar internet a todas as escolas do campo e da cidade e a diversos pontos públicos, o Uruguai é hoje um país conectado.

Por distribuir laptops a todos os alunos e professores da escola primária, pública ou privada, a Classe E acaba de alcançar a Classe A no percentual de lares com computadores, fazendo a inclusão digital e social de famílias até então sem acesso às políticas públicas. Distribuir laptops educacionais e prover banda larga por todo o país empurrou o Uruguai de vez para dentro da Sociedade da Informação e da Economia do Conhecimento. Por isso, o Plano Ceibal tem amplo apoio da sociedade uruguaia, que se reflete também no expressivo número de voluntários do programa, além do reconhecimento internacional.
O Uruguai tem o Centro Ceibal para executar a complexa logística do Plano. Em Novo Hamburgo, temos duas escolas com UCA, e prevemos mais dez em 2012. Conhecemos o trabalho de prover e manter a infraestrutura que está por trás do computadorzinho. Aqui, trabalhamos o MundiNHo com componentes que vão desde a infraestrutura (conectividade, logística, suporte técnico, sistema operacional) e a capacitação continuada dos professores até o monitoramento e avaliação do programa, relacionamento com a comunidade, pesquisa e desenvolvimento, e geração de recursos educacionais digitais.

A prefeitura de Novo Hamburgo tem uma Secretaria de Tecnologia da Informação e Inclusão Digital, que dá suporte à tecnologia usada no programa. E a Secretaria da Educação tem um centro de capacitação de professores monitores de informática, que está absorvendo as demais funções. Mas sabemos que a nossa realidade é privilegiada em relação aos demais municípios brasileiros que estão no UCA. Pela sofisticação das tarefas e pelo ganho de escala, é vital que o governo federal e os governos estaduais tomem a frente dessa empreitada, implantando centros de coordenação e controle do UCA em cada estado. Ou perderemos a oportunidade de incluir essa geração na Sociedade da Informação.

Marcia Schüler é analista de sistemas e secretária municipal de Tecnologia da Informação e Inclusão Digital na prefeitura
de Novo Hamburgo (RS).

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