Por Lennon Lima
19/10/2011
Os perigos da navegação na internet, muitas vezes decorrentes da sensação de liberdade que o ambiente virtual provoca nas pessoas, deram origem à campanha Internet Segura, Bom Para Você, que em um primeiro momento vai ser dirigida a professores e estudantes.
A iniciativa é resultado de uma parceria entre o governo do estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Educação e da Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE), e a representação paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Lançada oficialmente dia 2 de setembro, no Memorial da América Latina, em São Paulo, a campanha tem dois grandes eixos. Adriano Casniam, diretor de tecnologia da FDE, o primeiro foi a produção de materiais teóricos, que os estudantes poderão levar para as escolas, para as famílias: “Os textos estão em uma linguagem muito acessível, apontando o melhor caminho no uso da internet”. Esse conteúdo já está disponível pra ser baixado gratuitamente no site da OAB-SP. O segundo eixo é um curso a distância, desenvolvido pela Escola de Formação e Aperfeiçoamento de Professores (Efap), mantido pelo estado paulista. “A capacitação será focada na orientação aos professores em relação ao uso seguro da internet com seus alunos”, diz Casniam.
Previsto para começar em outubro, o curso será dividido em módulos. O primeiro, com dez horas-aulas, tem como tema “A internet como ela é”, abordando as ferramentas de navegação e comunicação, os serviços eletrônicos, a estrutura da rede mundial de computadores, sites de buscas e direitos autorais, entre outros. O módulo seguinte, com 15 horas, é “Como navegar em segurança pela internet”, e discutirá questões como ameaças eletrônicas, códigos maliciosos, fraudes, cyberbulling, prevenção e legislação. No terceiro módulo, com 10 horas, os participantes farão uma discussão de tudo que foi visto nos módulos anteriores, deverão desenvolver estratégias para disseminar o conteúdo aprendido. O quarto e último módulo será a distribuição de guias e materiais de navegação segura, cartilhas, atividades e jogos a serem utilizados nas escolas.
Inicialmente serão oferecidas mil vagas. “Ao completar uma turma as inscrições vão se encerrar temporariamente e depois serão reabertas para formar outra turma”, explica a professora Sílvia Galeta, gerente de apoio pedagógico para uso de tecnologia para a educação da Efap.
As inscrições podem ser feitas no site da Efap – www.escoladeformacao.sp.gov.br.
“Não acreditamos em grandes softwares, tecnologias mirabolantes. Acreditamos na força motivadora junto aos alunos e comunidade em geral”, disse Casniam, durante o lançamento da campanha. O presidente da comissão de crimes de alta tecnologia da OAB-SP, Coreliano Aurélio de Almeida, lembrou que o Google declarou, em 2010, que o Brasil é líder mundial em solicitações de retirada de conteúdos ilícitos na internet.
Após a apresentação da campanha, foi realizado o debate “Caminhos para uma internet livre e segura”, com o propósito de estimular os professores a orientar seus alunos para lidar com a dualidade da internet – que, destacaram os especialistas, ao mesmo tempo em que pode gerar coisas positivas, como a Primavera Árabe, funcionando como ferramenta de apoio a organizações que lutam por democracia, pode também gerar malefícios, como possibilitar a criação de uma identidade falsa na rede para enganar ou difamar uma pessoa. Claudemir Edson Viana, doutor em comunicação e gestor da Fundação Telefônica, defendeu que seja adotado um plano pedagógico em que o professor inclua, em seu plano de ensino, a cultura do uso da internet.
Melissa Garcia de Abreu e Silva, Procuradora da República, argumentou que a ideia principal é que a internet é um espaço público e que as pessoas não têm noção disso. “Temos de ter as mesmas etiquetas, as mesmas restrições e cuidados que temos em um espaço público real”, assinalou, acrescentando que “é preciso passar a noção de que tudo que é feito na internet tem caráter público e não mais privado”.
Demi Getschko, pioneiro na implantação da internet no Brasil, sugeriu que ao invés de impedir o acesso a regiões ruins da internet, poderia ser criado uma lista com páginas em português, de bons conteúdos, que recebam atualizações constantes, para crianças de até 8 anos, por exemplo.
www.oabsp.org.br/comissoes2010/crimes-alta-tecnologia/cartilhas
{jcomments on}