Rafael Bravo Bucco
11/01/2013 – De que maneira um engenheiro aeronáutico formando no ITA pode contribuir para a democratização da educação? Carlos Souza, 31, encontrou a resposta na internet (mas não no Google). Criou em março de 2012 o Veduca, site que reúne, até o momento, 5 mil vídeos com aulas de cursos universitários ao redor do mundo. O conteúdo é livre, podendo ser acessado por qualquer pessoa com acesso à rede.
“Tenho pais professores, eu mesmo já fui professor, então queria fazer algo pela educação. O Veduca é o primeiro site do brasil com o propósito de democratizar a educação, distribuindo aulas de graça e de modo contextualizado. As aulas são organizadas em cursos e classificadas em 21 assuntos”, conta Souza. Existem sites parecidos, como a Khan Academy em português, focada na tradução e legendagem de vídeos sobre disciplinas dos ensinos fundamental e médio.
“Sempre tive o sonho de ter um negócio que não só desse lucro, mas ajudasse a melhorar a vida das pessoas. No inicio do ano passado saí para um periodo sabático e fui estudar modelos de negócio que anda não existiam no Brasil”, conta Souza. Foi assim que descobriu o Coursera, site estadunidense que reúne cursos em vídeo das maiores universidades dos EUA.
“Esse movimento nasceu três anos atrás e foi crescendo no mundo inteiro. Só que ainda não tinha chegado no Brasil porque não falamos inglês e porque as universidades daqui não seguiam os passos das de fora”, conta. Quando voltou do sabático, chamou os amigos (e hoje sócios) André Tachian, Eduardo Zancul e Marcelo Mejlachowicz para criar o Veduca.
Para funcionar, a tecnologia usada no site é livre. Os vídeos são hospedados no Youtube, e a programação é em PHP. O banco de dados é baseado no MySQL, mas a partir de fevereiro será usado o PostgreSQL. Uma equipe de colaboradores e cerca de 300 voluntários traduzem e legendam do inglês aulas colocadas na internet por universidades de todo o mundo. São materiais de 13 instituições. Por enquanto, a única brasileira é a Univesidade de São Paulo (USP) – mas Souza espera colocar aulas de outras representantes do ensino superior brasileiro em breve.
O resultado veio a galope, apesar de o empresário nunca ter feito propaganda. O público apareceu pelo boca-a-boca. “Atingimos 1,2 milhão de visitantes, mais de 5 milhões de pageviews. O público é de estudantes universitários, profissionais diplomados que querem se aperfeiçoar, e o professores universitários”, diz. Segundo ele, ainda é possível crescer muito, pois há no Brasil cerca de 6,1 milhões de universitários, 18 milhões de pessoas formadas no ensino superior, e 250 mil professores do ensino superior.
Tanta audiência gera custos, que são compensados com porcentagens na venda de livros anunciádos nas páginas do site. Outra forma de compensar as despesas estreia em fevereiro. Depois do Carnaval, o Veduca ganhará um novo visual e uma nova modalidade: cursos pagos com certificação.
O material gratuito continuará online, mas o site oferecerá formação em uma disciplina. O aluno receberá material didático em formato digital, deverá assistir às aulas, e realizar testes. O certificado será emitido pela universidade, e o Veduca será o canal usado pela instituição para chegar ao aluno.
Qual será a instituição, Souza não antecipa. Mas promete que o site se manterá coerente a sua política de democratizar a educação. “Qualquer aula de universidade pública ficará aberta e livre. Os cursos cobrados serão de instituições privadas”, garante.
