Em Fortaleza, projeto de informática educativa é suspenso por falta de professores na rede

19/04 - Docentes especializados, que atuavam em laboratórios, voltam para as salas de aula. A Secretaria municipal de Educação também alega que os laboratórios não tinham condições mínimas de funcionamento.

Áurea Lopes

19/04/2013 – No dia 17 de abril, alguns professores da rede municipal de ensino de Fortaleza (CE) chegaram a suas escolas mas seus locais de trabalho, os laboratórios de informática, estavam fechados. Eles não tinham lido o comunicado postado na internet no dia anterior pela Secretaria Municipal de Educação. Foi esse o meio pelo qual a secretaria informou os professores de que eles estavam sendo convocados “para realizarem suas lotações em salas de aula convencionais”. A decisão de tirar os docentes Laboratórios de Informática Educativa (LIE – ver reportagem sobre os laboratórios na edição de março da revista ARede) e alocá-los nas salas de aula, de acordo com Dóris Leão, coordenadora do Ensino Fundamental, foi tomada porque em um levantamento feito pela prefeitura identificou dois problemas.

O primeiro é que muitos laboratórios estão com a estrutura inadequada para funcionamento “dentro de condições mínimas aceitáveis”: “Não têm as 15 máquinas necessárias, há máquinas quebradas, a rede elétrica não é estável, a internet não funciona bem”, diz a gestora. O segundo problema é uma grave carência de professores na rede. “Em 20 dias de aulas, chegamos a contabilizar 800 licenças. Como o laboratório é uma atividade complementar, não está cumprindo sua função, porque os alunos estão sem aula”, afirmou Dóris, esclarecendo que a secretaria de Educação optou por colocar os professores dos laboratórios em classe para suprir a deficiência e que os laboratórios não serão fechados, pois cada professor poderá levar suas turmas.

Segundo Dóris, a forma de funcionamento dos LEIs também será repensada, pois no atual modelo “o professor que não agenda o atendimento é excluído”. “É preciso ampliar a estratégia didática, o laboratório tem de proporcionar inclusão para todos”, diz a coordenadora.

Os professores dizem que foram pegos de surpresa e estranharam a forma como a mudança foi implantada, sem uma comunicação direta com os principais afetados pela medida. Também alertam que os docentes que não passaram pela capacitação específica para o uso das tecnologias aplicadas à educação — ministrada pelo Centro de Referência do Professor (CRP), que atua junto ao Núcleo de Tecnologia Educacional (NTE) – não têm formação adequada para o trabalho no laboratório.

A coordenadora informou que a prefeitura fez convênios com CEF, para doação de computadores novos e com a Secretaria Estadual de Educação, para fornecer engenheiros que trabalharão na reforma dos laboratórios. Até julho, ela acredita, as adequações estarão prontas. E assegura que há verbas no orçamento da prefeitura para isso: “Se o secretário disse que fará as reformas, é porque há recursos”. Em junho, será lançado edital de seleção específico, que vai prever apresentação de projetos educativos pelos professores interessados.