O MinC prepara ciclo de debates sobre direitos autorais. E o Brasil
aprova Convenção da Unesco que permite proteção a conteúdos
locais. Fernando Couto
O Ministério da Cultura, vai realizar, este ano, cinco seminários e
seis oficinas sobre direitos autorais. Dessas, quatro serão regionais —
para o Norte, Nordeste, Sul e Sudeste —, e duas para públicos dirigidos
– populações tradicionais e empresas que atuam na área. Direito autoral
também foi o tema da edição inaugural da coleção Cadernos de Políticas
Culturais, lançada pela pasta, no final de 2006, durante o primeiro
Seminário Nacional sobre Direitos Autorais e o Papel do Estado,
realizado pelo MinC, em Brasília.
Na abertura do evento, que teve cerca de 500 participantes, o ministro
da Cultura, Gilberto Gil, ressaltou a importância do Estado no setor:
“manter o justo equilíbrio entre os direitos dos autores, artistas e
intelectuais, e o direito do público de acesso às obras de arte e à
produção intelectual do país”. Segundo o coordenador geral substituto
de Direitos Autorais do MinC, Marcos Alves, “houve um consenso geral no
encontro de que o papel do Estado deve ser revisto, colocando-o numa
posição de maior relevância para tratar dessas questões”.
São movimentos que indicam, de fato, a abertura de um ciclo de
discussão com a sociedade civil, tendo, como foco, o questionamento do
atual marco regulatório dos direitos autorais: as Leis 5988/73 e suas
sucessoras, a Lei 9610/98 e a Lei 9609/98. Noutra ação promissora para
a elaboração de políticas de difusão e acesso cultural, no final de
dezembro, menos de um mês após a sua aprovação na Câmara Federal, o
Senado brasileiro também aprovou a Convenção da Unesco sobre Promoção e
Proteção da Diversidade das Expressões Culturais.
A Convenção estabelece um novo paradigma no mercado internacional de
produtos culturais que, até então, estavam sujeitos apenas às regras da
Organização Mundial do Comércio (OMC), em geral contrárias a medidas
protecionistas. A Convenção da Unesco tem outra orientação, que não a
estritamente comercial: busca proteger as expressões culturais dos
países contra a hegemonia da indústria do entretenimento. Por exemplo,
os países signatários têm a garantia do poder soberano do Estado na
adoção de políticas culturais, inclusive de proteção e promoção de
expressões culturais consideradas vulneráveis ou ameaçadas, podendo
conferir atenção especial às culturas de minorias e indígenas.
Os Cadernos de Políticas Culturais lançados pelo Minc são produzidos
pela Secretaria de Políticas Culturais, e pretendem divulgar trabalhos
sobre temas relativos à cultura. A iniciativa tem, como parceiros, o
Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas, o IBGE e pesquisadores. O
primeiro volume, sobre direito autoral, apresenta a íntegra dos estudos
premiados no Concurso Nacional de Monografias sobre o assunto,
realizado pelo próprio Minc. Entre as quatro monografias publicadas,
duas tratam das novas e mídias digitais: “A função social da
propriedade intelectual na era das novas tecnologias”, de Rodrigo
Moraes, e “A eficácia do direito autoral face à sociedade da
informação”, de Fábio Barbosa Pereira.
As oficinas e seminários sobre Direito Autoral serão promovidas pela
Coordenação Geral de Direito Autoral (CGDA), do MinC. No site do
ministério, pelo link “direito autoral”, é possível conhecer a
legislação sobre o assunto, e ler um estudo sobre políticas
internacionais na área, com suas implicações sobre a produção cultural
e as novas tecnologais nos países em desenvolvimento.