Há poucos jovens familiarizados com o terminal móvel e com conhecimento especalizado para fazer os testes com os aplicativos
Profissionais precisam dominar a
interface celular: telas menores,
ausência de mouse.
Falta especialização na formação do profissional que desenvolve
aplicações para celular no Brasil. A avaliação é de Sérgio Cavalcante,
superintendente do C.e.s.a.r. “Os jovens saem da faculdade
familiarizados com as linguagens, mas não com as características do
aparelho em si — menos espaço físico, tela pequena, teclado menor e com
menos funções. E sem mouse!”, diz.
Cavalcante destaca, no entanto, uma exceção bem perto do C.e.s.a.r.: o
Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco (CIn-UFPE).
O CIn foi criado em 99, mas se pode dizer que tem mais de 30 anos de
experiência, porque é tido como uma evolução do antigo Departamento de
Informática da universidade. Todo ano, o CIn abre cem vagas para o
curso de Ciência da Computação, e 50 para o de Engenharia da
Computação. Conta com mais de 450 pontos de trabalho interligados em
rede, incluindo 13 laboratórios. Mas é o alto nível do corpo docente o
seu principal trunfo: dos seus 57 professores, apenas três são mestres
— os outros 54 já concluíram o doutorado. Numa parceria com a Motorola,
o CIn oferece ainda o Curso Seqüencial de Formação Complementar em
Análise de Testes — uma área “importantíssima” para o mercado, mas, em
geral, negligenciada nas academias, segundo avalia o superintendente do
C.e.s.a.r.
“São necessárias duas equipes para criar uma aplicação — uma para
desenvolvê-la e outra para testá-la”, diz Cavalcante. “Há hoje muitos
jovens profissionais interessados em desenvolver aplicações, mas poucos
capazes de testá-las.”
Em geral, os profissionais que trabalham com aplicações para celular
vêm de cursos superiores de Ciência da Computação, graduação já
oferecida há algum tempo por universidades públicas e particulares de
todo o país, além dos Centros Federais de Educação Tecnológica
(Cefets). Mas poucas instituições são tidas como fortes na preparação
do profissional que vai atuar especificamente no desenvolvimento de softwares para celular.
Outra exceção é o Departamento de Informática e Estatística da
Universidade Federal de Santa Catarina (DIE-UFSC). Mas lá, não há
cursos específicos para celular, apenas projetos na área realizados em
parceria com empresas, explica o professor Mario Dantas. No DIE, também
não há disciplinas específicas sobre análise de testes. “O tema é
desenvolvido nas disciplinas de arquiteturas convencionais e
não-convencionais”, diz o professor.
Dantas frisa que o importante não é o curso de origem, mas a boa
formação do profissional nas áreas de redes de comunicação e
computadores, sistemas distribuídos e programação. O profissional
também deve estar ciente, adverte o professor, de que a conversão entre
os diferentes meios (televisão, computador, celular e outros
dispositivos) implica uma convergência entre os diferentes
conhecimentos relacionados: engenharia de software, arquitetura de computadores, microeletrônica, sistemas distribuídos, multimídia e usabilidade, entre outros.
Mario Dantas ressalta ainda que a palavra ‘celular’ deve ser entendida
agora como ‘dispositivo móvel’, expressão que engloba também os palms. “O celular e os palms tendem a se tornar, a cada dia, um mesmo dispositivo –— o smartphone”, diz. O conceito usado hoje no meio acadêmico é o de PCS — personal comunication systems
(sistemas de comunicação pessoal), pelos quais se pode ter internet, TV
e telefone. “Muitas vezes, as operadoras ainda se concentram em ganhar
dinheiro só com o celular, mas, no meu entendimento, isso é olhar pelo
retrovisor.”
www.di.ufpe.br – Centro de Informática da UFPE
www.inf.ufsc.br – Departamento de Informática e Estatística da UFSC