Pesquisa revela que os
paulistanos das classes C,D e E gastam bem mais com celular do que os
valores da conta média de pré-pago apurada pelas operadoras. A maioria
dos entrevistados tem menos de 29 anos. Miriam Aquino
Pesquisa do Núcleo de Estudos em Marketing Aplicado da Universidade
Mackenzie, concluída no final de novembro, traz informações instigantes
sobre o consumo dos usuários de telefonia celular das classes C, D e E
da capital paulista. “O objetivo foi avaliar como as ações de marketing
integrado de operadoras e fabricantes poderiam estar influenciando o
comportamento de lazer dos usuários de celular nessas classes,” explica
a coordenadora do trabalho, professora Maria de Lourdes Bacha.
O levantamento, realizado com 420 consumidores (dos quais 89% têm
planos pré-pagos) indicou que o celular é, mesmo, um elemento de
inclusão social, e que seus usuários desembolsam uma boa quantia de
recursos todo o mês para usá-lo. O gasto médio com a telefonia celular
dessas classes, apurado pela pesquisa, é maior do que os valores da
conta média mensal de toda a base de clientes divulgados nos balanços
econômicos das operadoras. Mais da metade da amostra é formada por
jovens e adultos até 29 anos. As mulheres também são maioria, com 55%.
Conforme o estudo, a média de gastos mensais desses consumidores é de
R$ 38,52, sendo que 54% gastam entre R$ 11,00 (mais próximo ao
valor da conta média do pré-pago) e R$ 30,00. O interessante é que, se
os consumidores de maior renda obviamente gastam mais (22% da classe C
gastam acima de R$ 50,00 por mês), a média das despesas dos
consumidores das classes D e E também é bem significativa: R$ 36,70 e
R$ 28,10, respectivamente.
A maioria desses usuários tem o celular há mais de um ano, e 70% dos entrevistados nunca trocaram de aparelho.
Família
A pesquisa, ao querer avaliar o que passa pela mente dos entrevistados
quando se menciona a expressão “telefonia celular”, apurou que, para
30% deles, esse termo é muito vago. Mas outros 32% associam a expressão
à comunicação; 16% à família, filhos, namoro e amigos; 7% ao trabalho e
5% a contas a pagar. Indagados se o celular trouxe melhorias para as
suas vidas, 88% reconheceram que ele facilitou a comunicação; 76%
passaram a falar mais com parentes e familiares, e 45% disseram
que o celular os ajudou a iniciar um namoro, ou mesmo, a noivar e a
casar.
O levantamento constatou, ainda, que o celular é usado tanto para o
consumo pessoal como comercial. Mais de 80% atribuem ao celular o
benefício de receberem recados importantes e 61% acreditam que a
telefonia móvel os estimula na busca por melhores salários.
Há, no entanto, pouca sintonia entre os ganhos promovidos pelo celular
e sua transferência para outras formas de inclusão. Apenas 42%
manifestaram vontade de aprender a usar o computador e só 36% querem
adquirir uma dessas máquinas. A pesquisa aproxima-se dos dados da PNAD
(Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) do IBGE e mostra que
apenas 30% das residências têm computador e a maioria (53%) não tem
acesso à internet.
Ao serem perguntados “qual é o seu celular”, os entrevistados, na
maioria das vezes, respondem o nome da prestadora de serviço e não o
nome do fabricante do aparelho. As mulheres identificam melhor a marca
do aparelho do que os homens. E também são as que falam mais. Mais de
20% acabam gastando mais do que R$ 70 por mês, quando apenas 13% dos
homens ultrapassam esses valores.